ESTOQUE DE LEITE DA MATERNIDADE JANUÁRIO CICCO ESTÁ EM NÍVEL CRÍTICO
Os bancos de leite humano do Rio Grande do Norte enfrentam uma baixa nos estoques neste final de ano, uma época em que, tradicionalmente, as doações diminuem devido às férias e viagens. A Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), em Natal, uma das principais unidades de coleta e distribuição do estado, é um dos exemplos mais preocupantes: atualmente, de acordo com a enfermeira responsável pelo banco de leite da MEJC, Verônica Feitosa, o estoque conta com apenas 19,2 litros de leite humano, suficientes para apenas três dias, por isso, ela reforça a importância de doação de leite à unidade.
Entre os meses de novembro e dezembro, o estoque de leite na MEJC diminui 33,33%, quando em janeiro o local recebe um total de 270 litros e em novembro o número cai para 180 litros. Enquanto em janeiro são 103 doadoras, em novembro apenas 72 mulheres lactantes doaram para a maternidade.
Segundo Verônica Feitosa, toda mulher que esteja amamentando, em boas condições de saúde e sem utilizar medicamentos que interfiram na amamentação, pode ser uma doadora. O leite deve ser coletado em frascos de vidro com tampa plástica, devidamente higienizados e armazenado no freezer por até 15 dias. As interessadas podem entrar em contato com o banco de leite da Maternidade pelos telefones (84) 3342-5800 ou pelo whatsapp (84) 99135-8217.
Ao fazer o cadastro, a equipe orienta sobre os cuidados com a coleta e armazenamento, além de agendar a visita do programa “Amigo do Peito”, que recolhe as doações em domicílio.
De acordo com a Secretaria de Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Sesap), no estado, de janeiro a outubro deste ano, foram coletados 4.429 litros de leite humano, que beneficiaram 4.938 bebês. O leite materno é fundamental para recém-nascidos, especialmente os prematuros, pois ajuda na prevenção de infecções respiratórias, alergias e outras complicações. Apenas um litro pode alimentar mais de dez bebês em um único dia.
O Rio Grande do Norte conta com seis bancos de leite humano distribuídos em Natal, Parnamirim, Caicó e Mossoró, além de quatro postos de coleta em Natal, Santa Cruz e Mossoró. Apesar dos esforços dessas unidades, a baixa adesão às doações no final de ano compromete o atendimento aos bebês internados.
Para a enfermeira Veronica Feitosa, a situação requer urgência. “Processamos, em média, 250 litros de leite por mês, mas neste momento temos uma baixa significativa. Nossa demanda diária é alta, especialmente para atender bebês prematuros e aqueles em tratamento nas UTIs neonatais. Quando os estoques estão reduzidos, priorizamos os casos mais graves, como os bebês patológicos e do Método Canguru”, explica.
Na MEJC, há bebês internados em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e em leitos do Método Canguru, sendo 23 e 15, respectivamente. Esses são os principais beneficiados com a doação do leite, já que pela gravidade da situação que eles se encontram, são os mais necessitados. Além disso, recém-nascidos de mães que são portadoras de HIV também recebem esse leite.
A enfermeira reforça que a produção de leite humano varia de mulher para mulher e que muitas têm excedente que poderia ser destinado à doação. “Cada doação é um ato de amor que salva vidas. Estamos sempre prontos para orientar e facilitar o processo para as doadoras”, conclui.