A PROMESSA NÃO CUMPRIDA EM GUAMARÉ, A FOME E O DESESPERO POR TRÁS DA AGRESSÃO AO PREFEITO HÉLIO


Um episódio lamentável marcou o último domingo na comunidade de Baixa do Meio, distrito de Guamaré. Durante uma festa em comemoração ao aniversário de Baixa do Meio, o popular George da Silva Firmino, de 32 anos, invadiu o local e tentou agredir o chefe do Executivo, Hélio Willamy. O prefeito não foi atingido e, segundo informações, a situação foi rapidamente controlada por seguranças e populares.

De acordo com testemunhas, o agressor teria agido movido por motivações políticas, alegando que Hélio lhe prometera um emprego em troca de voto nas últimas eleições, promessa que, segundo George, jamais foi cumprida.

O blog repudia veementemente qualquer ato de violência, sobretudo contra um agente público. A força nunca deve substituir o diálogo ou a justiça. Vivemos em um Estado Democrático de Direito, onde as frustrações e divergências políticas devem ser enfrentadas com responsabilidade e razão, jamais com agressões.

Até o momento, o blog havia evitado abordar o episódio sem ouvir todas as partes envolvidas. O prefeito já se manifestou por meio de nota oficial, apresentando sua versão dos fatos. Na tarde desta terça-feira (28), nossa equipe conversou com George, em uma entrevista exclusiva, na qual ele relatou sua versão e abriu o coração sobre a difícil situação em que vive.

Entrevista com George da Silva Firmino

A conversa aconteceu na humilde residência de George, no conjunto Belo Jardim, em Baixa do Meio, zona rural de Guamaré. Casado e pai de dois filhos, ele vive em uma casa simples, sem reboco, piso de terra batida e sem acesso regular a água e energia elétrica. Uma geladeira emprestada funciona graças à solidariedade de um vizinho, que fornece energia por meio de uma extensão improvisada.


Quando abriu a geladeira e o armário, o cenário era desolador: não havia alimento algum. A fome era visível no olhar, nos gestos e nas palavras.

O que aconteceu entre você e o prefeito?

“Eu errei, não poderia ter feito o que fiz, mas estava desesperado, magoado e enganado. Acompanho Hélio politicamente há mais de 20 anos, mas nunca trabalhei na prefeitura. Minha esposa chegou a ter um emprego no governo de Arthur, mas quando Hélio assumiu, ela foi demitida e nunca mais conseguiu voltar.

Estou desempregado, vivo de bicos como servente de pedreiro, todo mundo me conhece. Ele me prometeu que, se eu votasse nele, minha mulher continuaria no trabalho. A mistura de decepção, humilhação e desespero me levou a agir da forma errada.”

Como tudo aconteceu naquele dia?

“Fui ao evento, bebi com alguns amigos e decidi procurar o prefeito para cobrar a promessa. Fui ignorado, como tantas outras vezes. No desespero, tentei dar um soco, mas fui contido rapidamente pela guarda. Não cheguei a acertá-lo.”

Você foi preso?

“Sim. Fui preso e permaneci em silêncio. Expliquei apenas o delegado que o motivo da confusão foi a promessa não cumprida. Fiquei detido porque não tinha dinheiro para pagar a fiança de R$ 1.500,00 e fui levado ao presídio de Caraúbas. Só fui liberado após a audiência, no dia seguinte.”

Como está sua situação hoje?

“Está muito difícil. Eu, minha esposa e meus filhos estamos passando muita necessidade. Não temos o que comer. Apostamos tudo na palavra de Hélio. Votamos nele acreditando que ele nos ajudaria, mas estamos aqui nessa situação que você está vendo.

Me sinto usado, porque só temos valor na época da eleição. Assim como eu, muitos aqui ainda esperam por promessas que nunca se cumpriram.”

Você se arrepende do que fez?

“Sim, me arrependo. Peço desculpas ao prefeito Hélio, mas ele sabe o motivo do meu desespero. É muito duro ver os filhos passando necessidade e não poder fazer nada. A promessa dele era a esperança que a gente tinha.”

A história de George expõe um retrato doloroso de muitas famílias do interior: a dependência de promessas políticas e a dura realidade da fome e do desemprego. Mais do que um ato isolado de violência, o episódio reflete um grito de desespero de quem se sente abandonado pelo poder público.

NOTA DO BLOG

Nada, absolutamente nada, justifica a agressão física. O ato cometido por George é grave. No entanto, seria insensível ignorar o contexto social e humano que alimenta esse tipo de explosão.

O gesto violento, ainda que injustificável, é também o reflexo do desespero de uma população que se sente enganada, usada e descartada após o voto. Quando promessas eleitorais se transformam em frustração, desigualdade e abandono, o tecido social se rasga, e o episódio de Baixa do Meio é um sintoma claro de que Guamaré vive um tempo de saturação moral e política.

O abuso de poder e o clientelismo corroem a confiança do povo nas instituições e empurram o cidadão para os extremos. A mão que tentou agredir o prefeito Hélio errou, sim. Mas o erro também está na política que fabrica desesperança e trai a confiança de quem acreditou em promessas que jamais se cumpriram.

A democracia não sobrevive com punhos cerrados, nem com conchavos escusos. Ela sobrevive com verdade, ética e justiça social.

É importante destacar que o atual clima de beligerância também decorre de ações e declarações atribuídas à própria vítima, que, embora se posicione publicamente contra a intolerância, mantém ao seu redor um grupo de pessoas que hostiliza e persegue aqueles que expressam opiniões divergentes, a violência do “Gabinete do Ódio”. É incitação à violência sim, quando alguém diz que cidadãos que discordam serão “massacrados” e que os adversários receberão uma “pancada seca”, discurso que contribui para o acirramento do ambiente político e social. Assim, a vítima de hoje pode ter sido o agressor de ontem, e vice-versa.


É preciso refletir também sobre aqueles que, mesmo tendo cometido erros, são injustamente julgados e igualmente injustiçados. Essa compreensão só é possível para quem enxerga o sofrimento e a fome nos olhos de quem padece. Confesso que me emocionei ao presenciar de perto a realidade daquela família: uma casa sem reboco, sem comida, sem energia elétrica e sem perspectivas. Mesmo diante da falha cometida, é impossível não sentir compaixão por um pai de família desesperado, pela dor de uma esposa aflita e pelos filhos que enfrentam a fome, enquanto tantos desfrutam de mesas fartas.

Por isso, diante do arrependimento manifestado por George, peço à população e às autoridades de Guamaré que se unam, em nome de Jesus, para ajudar essa família. O sofrimento deles é real, e precisa ser enxergado com humanidade.

Quem puder colaborar, entre em contato diretamente com a família pelo WhatsApp: (84) 99638-7648.

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