RABO CHEIO: “GOSTO DE COMER BEM” DIZ PRESIDENTE DA CÂMARA DE SERRA NEGRA DO NORTE APÓS AUMENTO DA DIÁRIA DOS VEREADORES


A recente fala do presidente da Câmara Municipal de Serra Negra do Norte (RN), Jairo Flauzino (PV), sobre o aumento das diárias dos vereadores, soou como um tapa na cara da população. Em plena crise econômica, com famílias lutando para garantir o básico, o vereador usou a tribuna para justificar que o valor anterior — R$ 370 para viagens a Natal — “não dava”, porque ele precisaria “comer bem” e “não passar fome”.

Na justificativa, Jairo disse que já chegou a tirar R$ 400 do próprio bolso em viagens e que “sempre gostou de comer o melhor”, porque “passou muita fome”. A fala, que poderia soar humana em outro contexto, torna-se um retrato da desconexão de parte da classe política com a realidade do povo. Enquanto muitos serra-negrenses vivem com menos de um salário mínimo e fazem malabarismos para colocar comida na mesa, um representante eleito reclama que R$ 370 não é suficiente para “comer bem” em Natal.

A ironia é amarga: o parlamentar, pago com o dinheiro dos mesmos cidadãos que enfrentam dificuldade até para pagar a conta de luz, defende com entusiasmo o aumento das próprias diárias. E o faz não com base em argumentos técnicos, mas em preferências pessoais de conforto e paladar. Atribuir a “fome do passado” como justificativa para gastos públicos elevados é distorcer o sentido da luta por dignidade que muitos ainda travam.

A Câmara Municipal de Serra Negra do Norte aprovou o aumento das diárias, e o discurso de Jairo Flauzino ficará marcado como símbolo da insensibilidade política. O povo não espera que seus vereadores passem fome, mas também não aceita que o dinheiro público seja tratado como verba pessoal de luxo.

Diante da gravidade do episódio e do evidente desrespeito ao princípio da moralidade administrativa, o Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) precisa adotar providências urgentes para apurar o caso e coibir abusos no uso do dinheiro público em Serra Negra do Norte.

Por Sidney Silva