MPF PEDE INVESTIGAÇÃO DE ASSESSOR DO GOVERNO QUE FEZ GESTO RACISTA NO SENADO


A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão no Rio Grande do Sul pediu investigação contra o assessor de Assuntos Internacionais, Filipe Martins, que fez um gesto considerado como um sinal utilizado por supremacistas brancos durante sessão no Senado, na quarta-feira, 24.

Artigo de 2019 do jornal The Independent mostra como o símbolo “OK” feito por Martins foi cooptado por grupos de extrema-direita racistas. “É comumente usado para sinalizar ‘OK’ ou está tudo bem. Mas, nos últimos anos, também foi apropriado para outros fins, principalmente como uma forma de significar ‘poder branco’”, diz a matéria.

O Ministério Público Federal (MPF) quer investigar se o assessor do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, pode ser enquadrado por “suposta prática de crime de racismo e improbidade cometido por servidor público federal, no exercício do cargo”.

Segundo o procurador que assinou o despacho, Enrico Rodrigues de Freitas, existem “indícios mínimos capazes de ensejar a investigação criminal de ocorrência de fato criminoso”. Martins pode ser acusado de “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, bem como por sua repercussão na esfera de improbidade administrativa, posto que praticado no exercício de função pública federal”.

Segundo o jornalista Gerson Camarotti, no G1, Jair Bolsonaro afirmou a interlocutores que deve afastar o assessor pelo gesto. Na quinta-feira, 25, um dia após o ocorrido, Martins usou as redes sociais para afirmar que estava apenas arrumando a lapela do terno. Ele ainda ameaçou com processos judiciais quem associa o fato ao nazismo.

Ele é seguidor do astrólogo e “teórico” da extrema-direita brasileira Olavo de Carvalho e é considerado como um aliado de confiança dos filhos de Jair Bolsonaro. Ele já trabalhou para o governo dos Estados Unidos.

No dia 24, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM), decidiu instaurar uma investigação para saber se o assessor especial fez gestos supremacistas durante sessão do Senado Federal na qual acompanhava o chanceler Ernesto Araújo.