ESTUDO APONTA PARA 3ª ONDA DE COVID-19 EM DOIS ESTADOS DO NORDESTE


Em todo o Nordeste, os estados do Ceará e Bahia apresentam sinais de uma terceira onda com a volta do aumento no número de internações e óbitos por covid-19, segundo levantamento realizado pelo professor do departamento de Física da Universidade federal do Rio Grande do Norte e membro do Comitê Científico do Nordeste, José Dias do Nascimento Júnior.

O estudo foi realizado com os nove estados nordestinos (Rio Grande do Norte, Piauí, Bahia, Alagoas, Paraíba, Pernambuco, Maranhão, Sergipe e Ceará), mas apenas o Ceará e a Bahia demonstraram tendência de alta. A Paraíba e o Piauí também apresentaram uma alta sustentada no número de casos e óbitos, porém, com menor intensidade.

“Em países que medem a imunidade, percebe-se que começa a haver queda no número de casos cerca de dez semanas após a segunda dose. O reforço é essencial. O ponto crítico é: qual porcentagem da população recebeu uma terceira dose? Se a resposta for menos que 10%, teremos terceiras ondas e quartas ondas (nos países em que já passaram por 3)”, assevera José Dias do Nascimento Jr.

Segundo a Secretaria de Saúde do Estado do Ceará, até 12 de novembro, 71,3% da população tinha recebido apenas a 1ª dose e 57,6% as duas doses ou dose única da vacina contra a covid-19. Já na Bahia, até este domingo (28), 71,36% da população tinha sido imunizada com a 1ª dose e apenas 54,12% completou o esquema de vacinação com as duas doses ou dose única.

Projeções MOSAIC/ UFRN
Projeções MOSAIC/ UFRN I Imagens: cedidas

Rio Grande do Norte

No caso do Rio Grande do Norte, os indicadores apontam para queda no número de internações e óbitos por covid-19. No entanto, o estado apresenta vulnerabilidade diante da pouca velocidade na imunização. Até o momento, cerca de 83% da população foi vacinada com apenas uma das doses (D1) da vacina contra a covid, 67% completou o esquema de imunização (D2) e 286.517 potiguares, o equivalente a 9% da população, receberam a terceira dose (D3) de uma das vacinas até esta segunda (29).

“Este cenário, com letalidade menor que meses atrás, não é um indicativo de tranquilidade. Em momentos anteriores, as ondas pandêmica sucessivas foram cada vez pior no Brasil, atingindo uma média semanal de aproximadamente 1.000 mortes por dia em julho de 2020 durante a primeira onda e 3.000 mortes por dia em abril deste ano durante a segunda onda. Desde então, a curva caiu, com uma média de cerca de 1.600 mortes por dia e os brasileiros em grande parte voltaram a vida, aos negócios normalmente, porém a situação é ainda de perigo sanitário, com aglomerações, festas de final de ano e carnavais já programados”, alerta Dias.
Projeção MOSAIC/ UFRN I Imagem: cedida

Carnatal

Já um outro levantamento realizado pelo Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde da UFRN (Lais/ UFRN) aponta que 77% da população adulta potiguar está imunizada, podendo esse índice chegar a 80% na 1ªsemana de dezembro. Com esses dados, o relatório do Lais aponta que há condições favoráveis para a realização do Carnatal, programado para acontecer entre os dias 9 e 12 de dezembro, apesar do evento implicar numa grande aglomeração de pessoas.

Como o Carnatal é um grande evento de massa, que promove aglomerações, e por se tratar de uma festa tradicional as pessoas tendem a ficar mais relaxadas. Por esse motivo, é fundamental que todos os participantes estejam com o seu esquema vacinal completo, ou seja, primeira e segunda dose”, traz um trecho do documento.

De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), a realização do Carnatal segue garantida, conforme o previsto, desde que sejam seguidos os protocolos sanitários que preveem o uso de máscara, distanciamento e exigência do cartão de vacinação para todos os participantes, inclusive, membros das bandas e organização.

Gráficos: reprodução da plataforma RN + Vacina

Países retomam isolamento com nova variante Ômicron

Depois de flexibilizar regras de isolamento social e ensaiar uma volta à vida normal, a Europa registrou somente em novembro de 2021, a média de 250 mil casos de covid-19, o maior índice de contágio da pandemia até o momento. Os registros voltaram a aumentar no continente europeu 11 meses depois do início da vacinação e devem continuar a subir com a chegada do inverno e das confraternizações de fim de ano, de acordo com o levantamento realizado por José Dias para o Consórcio do Nordeste.

O estudo ainda não leva em conta o surgimento na nova variante da covid-19, a Ômicron. Por causa de seu alto poder de propagação e possível resistência às vacinas desenvolvidas até agora, alguns países voltaram a fechar suas fronteiras.

Pesquisadores apontam que a desigualdade da distribuição das vacinas no mundo, com atraso na imunização dos países mais pobres, tem resultado no surgimento das variantes. A África do Sul foi o primeiro país a notificar um caso da Ômicron, em 24 de novembro. O país tem apenas 7% da população vacinada.

Países com casos da variante Ômicron:

África do Sul

Botsuana

Hong Kong

Israel

Bélgica

Inglaterra

Escócia

Alemanha

Itália

Holanda

Portugal

Austrália

Dinamarca

Canadá