SEM COLIGAÇÃO, PARTIDOS BUSCAM FORTALECER CHAPAS PROPORCIONAIS


A construção de chapas proporcionais (deputados federal e estadual) não está sendo tarefa fácil para nenhum dos partidos políticos no Rio Grande do Norte, que terão de encaminhar candidaturas em faixas próprias nas eleições de 2022, depois da proibição da formação de coligações partidárias, para a eleição proporcional, como já ocorreu no pleito de vereador nas eleições municipais de 2020. Inicialmente, a dificuldade de cada partido é formatar “nominata” — lista dos candidatos que vão disputar as vagas na Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa — capaz de reunir pré-candidatos com potencial de votos suficientes para alcance do quociente eleitoral - número mínimo de votos válidos (nominais e de legenda) exigido para a eleição de pelo menos um deputado federal e um estadual.

Alguns dirigentes partidários preferem nem expor, por enquanto, uma eventual composição das nominatas as eleições em 02 de outubro, receosos de que outros partidos possam cooptar pré-candidatos com potencial agregação de votos.

Mas o presidente  estadual do Solidariedade, o deputado estadual Kelps Lima, que é pré-candidato à Câmara dos Deputados, não esconde que as chapas do partido já estão montadas: “Nosso partido foi o terceiro mais votado do RN em 2018, tanto para estadual como para federal e a nova regra ajudou muito nosso grupo político”.

Kelps Lima avisa que a direção nacional do SD decidiu não fazer federação, aliando-se a outros partidos, e sim agregou novos nomes a futura chapa proporcional, com o intuito de eleger pelo menos um federal. “Hoje elegemos três estaduais com facilidade. Mas estamos convidando outros pré-candidatos, com conversas avançadas, o que garantiria a quarta vaga”, completou.

Para o presidente estadual do PSB, deputado federal Rafael Motta, a nova regra das eleições proporcionais sem ajuntamento de partidos numa única coligação, “exige dos partidos protagonismo.  É um resgate ao que acontecia antes, quando as siglas eram mais fortes que os líderes”. 

Rafael Motta exemplificou que o PSB “é um partido grande, com história, com bandeiras muito bem definidas, e isso vai fazer diferença na hora de reunir nomes de peso para integrar as nominatas”.

O presidente estadual do Avante, o vereador natalense Raniere Barbosa, avisou que o partido está trabalhando para eleger um deputado federal e dois estaduais, desempenho parecido com a eleição  de 2018, quando sua mulher Veruska Barbosa ficou na primeira suplência para a Câmara dos Deputados e elegeu dois deputados estaduais. “As articulações estão avançadas, estamos montando um grupo muito bom, até de ex-aliados de deputados federais e deputados estaduais, ex-prefeitos, ex-vereadores, suplentes de vereadores e lideranças de segmentos”, diz. 

Aliado da governadora Fátima Bezerra, de quem é secretário de Desenvolvimento Econômico, Jaime Calado preside o PROS no Estado. É outro dirigente partidário que só vai anunciar a relação de candidatos depois de 02 de abril, quando se encerra o prazo para filiações partidárias para concorrentes a cargos eletivos: “Segredo de estado, porque se a gente divulga, sabe o que acontece? Os que têm mais condições e oferecem os céus e as estrelas”. Ele garantiu que o PROS não integrará federação, mas tem nominata “para eleger um deputado federal, há dois anos anos que a gente costura essa chapa”.
 
Já o presidente estadual do DEM, que está em processo de fusão com o PSL, ex-senador José Agripino, avaliou que o fim das coligações partidárias está “levando os partidos políticos a identificarem lideranças regionais” para lançamentos de candidaturas proporcionais. Ou seja, um partido escolhe candidatos “fortes” em diversas regiões, “fazendo com que no somatório de votos faça o quociente eleitoral”.

Na opinião de José Agripino, o modelo de candidaturas próprias – sem o ajuntamento com candidatos de outros partidos como era até as eleições de 2018, fortalece os partidos, remetendo à identificação desses líderes políticos e com potencial de votos no Oeste, Seridó, Mato Grande, Vale do Açu, Agreste e Grande Natal.

Porém, analisa Agripino, “a ideia de um partido ter vários detentores de mandatos é uma estratégia perigosa, porque um deputado pode entrar em conflito com deputados de outras regiões”. 

Por fim, Agripino disse que os partidos estão identificando lideranças regionais, que “tenham alcance estadual e, pelo próprio peso e esforço dele, ter o máximo de votos em sua região e completar em outras regiões subsidiariamente”.

Filho do deputado estadual Getúlio Rego ex-prefeito de Pau dos Ferros por três mandados, Leonardo Rego, cotado para ser candidato a deputado federal pelo partido Democratas, disse que “esse formato fortalece os partidos e, naturalmente, valoriza o voto do eleitor que se identificar melhor com as propostas destes e dos seus respectivos candidatos representados na legenda”.

O deputado federal General Girão (PSL) aguarda a chegada do período permitido por lei para a troca de partidos, para ingressar no PL, mas entende que as modificações feitas nas regras eleitorais e partidárias, “não tornaram o sistema político brasileiro mais justo para a democracia”.

Girão afirma que deixaram muitas brechas para partidos “nanicos”, fazendo com que os eleitores “infelizmente, não possam escolher melhor, quem são realmente as pessoas que merecem ser eleitas”.

Dois eleitos em 2018 podem estar na majoritária
Com uma bancada na Câmara Federal diluída entre oito partidos políticos, pelo menos dois eleitos em 2018 desistiram de disputar a reeleição: o deputado federal licenciado e ministro das Comunicações, Fábio Faria, que aguarda a “janela partidária” (03 de março a 1º de abril) para migrar do PSD para o PP e almeja tentar a vaga de senador, disputando a indicação do Bolsonarismo com o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, enquanto o deputado Walter Alves (MDB) abriu mão de uma candidatura natural para o pai, o ex-senador Garibaldi Filho, que tentará pela primeira vez um mandado de deputado federal. Walter Alves pode sair candidato a deputado estadual, mas é cotado para ser vice na chapa da governadora Fátima Bezerra (PT), caso o ex-presidente Lula viabilize um acordo nacional com o MDB. 

Caso viabilize uma candidatura a governador do Rio Grande do Norte nas eleições de outubro, o presidente estadual dos Republicanos, Benes Leocádio, é outro deputado que pode não concorrer à reeleição.

Assim, apenas seis deputados no exercício do mandato concorreriam à reeleição, – a deputada Natália Bonavides (PT), e os deputados General Girão (PSL), Rafael Motta (PSB), João Maia (PL), Beto Rosado (PP) e Carla Dickson (PROS), que ocupa cadeira decorrente da licença do ministro Fábio Faria, mas deve se filiar ao PL ou outra legenda de linha bolsonarista, vez que o seu partido é alinhado politicamente ao governo do Estado, a quem faz oposição. 

Outros partidos sem assento na Câmara dos Deputados entram na disputa por cadeiras do Rio Grande do Norte. O ex-senador e ex-governador Garibaldi Filho (MDB) já anunciou que será candidato a deputado federal. 

 O ex-deputado Henrique Eduardo Alves (MDB), que foi presidente da Câmara dos Deputados, tem declarado que vai decidir e anunciar sobre candidatura “no tempo certo”.

O ex-governador Robinson Faria deve deixar o PSD e a opção tende a ser o PP. Fábio Faria  confirmou que não será candidato à Câmara e o pai deve concorrer. Recentemente, Fábio disse acreditar que Robinson deve reverter a pendência jurídica no TRE com uma decisão em instância superior. O secretário estadual do Desenvolvimento Econômico, Jaime Calado, já admitiu sair candidato pelo partido do qual é presidente, o PROS.

O presidente estadual do PSDB e da Assembleia Legislativa, deputado Ezequiel Ferreira, já tido como possível candidato a deputado federal, mas garantiu que uma candidatura certa é a da vereadora mossoroense Larissa Rosada e do vereador natalense Kleber Fernandes, enquanto os Democratas apostariam em na candidatura do ex-prefeito de Pau dos Ferros, Leonardo Rego. Com a formação do União Brasil, poderia  estar na chapa com o presidente da Câmara, Paulinho Freire, que iria para o partido.

O Solidariedade já está com a nominata praticamente pronta para deputado federal, começando pelo presidente do diretório regional, o deputado estadual Kelps Lima, e a vereadora natalense Ana Paula Protásio e o presidente da Câmara Municipal de Mossoró, Lawrence Amorim, o vereador macaibense Igor Targino e o presidente da Câmara Municipal do Assu, Francisco de 

Assis Souto, o “Tê” e ainda a professora Nilda, que ficou em segundo lugar para prefeita de Parnamirim, nas eleições de 2020.

O Partido dos Trabalhadores teria chapa de deputado federal praticamente pronta, pois além da deputada Natália Bonavides, incluiria o secretário de Gestão de Projetos e Metas do Governo, Fernando Mineiro, e ainda Samanda Alves e o secretário estadual da Tributação, Carlos Eduardo Xavier, o “Cadu”.