Desde o final de janeiro de 2020, quando o coronavírus começava a se espalhar pelo mundo, o presidente Jair Bolsonaro tem dado declarações nas quais busca minimizar os impactos da pandemia da Covid-19, que já deixou mais de 190 mil mortos no Brasil.
Nesta quinta 24, véspera de Natal, adotou tom mais ameno em pronunciamento em rede de rádio e televisão — alvo de panelaços intensos em algumas capitais, como Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo.
No momento em que sua gestão é criticada por morosidade na aquisição de vacinas contra a Covid-19, Bolsonaro afirmou que as ações do governo brasileiro durante a pandemia são referência para outros países, disse que saúde e economia caminham juntas e, diferentemente de boa parte dos discursos anteriores, manifestou grande pesar pelas vítimas do novo coronavírus e pelos familiares.
“Nessa ocasião [Natal], solidarizo-me, particularmente, com as famílias que perderam seus entes queridos neste ano. Externo meus sentimentos, pedindo a Deus que conforte os corações de todos”, disse o presidente, ao lado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
Neste ano, dois ministros da Saúde já saíram do cargo após discordâncias com Bolsonaro, que também entrou em conflito com governadores e prefeitos.
No começo deste mês, quando os números apontavam para novo avanço da Covid-19 no país, Bolsonaro afirmou que o Brasil estava vivendo “um finalzinho de pandemia”.
Confira, abaixo , declarações do presidente sobre o coronavírus.
NESSE VÍRUS AÍ (27.JAN)
“Estamos tendo problema nesse vírus aí, o coronavírus. O mundo todo está sofrendo. As Bolsas estão caindo no mundo todo, com raríssimas exceções. O dólar também está se valorizando no mundo todo, e no Brasil o dólar está R$ 4,40. A gente lamenta, porque isso aí, mais cedo ou mais tarde, vai influenciar naquilo que nós importamos, até no pão, o trigo. Vai influenciar.”
* Ao falar sobre a alta do dólar em transmissão ao vivo nas redes sociais
NO TOCANTE À INFORMAÇÃO (28.JAN)
“Pelo que parece, tem uma família [de brasileiros] na região onde o vírus está atuando. Não seria oportuno a gente tirar de lá [China], com todo o respeito. Pelo contrário, agora não vamos colocar em risco nós aqui por uma família apenas. A gente espera que os dados da China estejam reais, só isso de pessoas contaminadas. Se bem que são bastante. Mas a gente sabe que esses países são mais fechados no tocante à informação.”
* Sobre a possibilidade de resgatar família de brasileiros que estava em região afetada pelo coronavírus
ESTÁ SUPERDIMENSIONADO (09.MAR)
“Tem a questão do coronavírus também que, no meu entender, está superdimensionado, o poder destruidor desse vírus. Então talvez esteja sendo potencializado até por questão econômica, mas acredito que o Brasil, não é que vai dar certo, já deu certo.”
* Ao falar com a comunidade brasileira em Miami
É MUITO MAIS FANTASIA (10.MAR)
“Durante o ano que se passou, obviamente, temos momentos de crise. Muito do que tem ali é muito mais fantasia, a questão do coronavírus, que não é isso tudo que a grande mídia propaga. Alguns da imprensa conseguiram fazer de uma crise a queda do preço do petróleo.”
* Durante evento em hotel no centro de Miami
OUTRAS GRIPES MATARAM MAIS (11.MAR)
“Vou ligar para o [então ministro da Saúde, Luiz Henrique] Mandetta. Eu não sou médico, não sou infectologista. O que eu ouvi até o momento [é que] outras gripes mataram mais do que esta.”
* Durante entrevista em frente ao Palácio da Alvorada
GOVERNO ESTÁ ATENTO (12.MAR)
“O sistema de saúde brasileiro, como os demais países, tem um limite de pacientes que podem ser atendidos. O governo está atento para manter a evolução do quadro sob controle.”
* Em pronunciamento na televisão e no rádio
ENTRAR NUMA NEUROSE (15.MAR)
“Muitos pegarão isso independente dos cuidados que tomem. Isso vai acontecer mais cedo ou mais tarde. Devemos respeitar, tomar as medidas sanitárias cabíveis, mas não podemos entrar numa neurose, como se fosse o fim do mundo.”
* Quando deu entrevista à CNN Brasil, no dia em que saiu às ruas em protestos contra o Congresso
TEVE CRISE SEMELHANTE (15.MAR)
“Em 2009, 2010, teve crise semelhante, mas, aqui no Brasil, era o PT que estava no poder e, nos Estados Unidos, eram os Democratas, e a reação não foi nem sequer perto do que está acontecendo no mundo todo.”
* Em entrevista à CNN Brasil
MAS SEM HISTERIA (15.MAR)
“Porque não vai, no meu entender, conter a expansão desta forma muito rígida. Devemos tomar providências porque pode, sim, transformar em uma questão bastante grave a questão do vírus no Brasil, mas sem histeria.”
* Em entrevista à CNN Brasil
NÃO É TUDO ISSO QUE DIZEM (16.MAR)
“Foi surpreendente o que aconteceu na rua. Até com esse superdimensionamento. Tudo bem que vai ter problema. Vai ter. Quem é idoso e está com problema ou deficiência. Mas não é isso tudo que dizem. Até que na China já está praticamente acabando.”
* Um dia depois dos protestos, em entrevista em frente ao Palácio da Alvorada
POSSÍVEL DISSEMINAÇÃO DO VÍRUS (16.MAR)
“Nós estamos em uma briga pelo poder e vou ser fiel àquilo que eu sempre tive com a população brasileira. Não dá para querer jogar nas minhas costas uma possível disseminação do vírus.”
* Em entrevista à Radio Bandeirantes
ESTÁ HAVENDO UMA HISTERIA (16.MAR)
“Está havendo uma histeria”, afirmou. “Se a economia afundar, afunda o Brasil. E qual o interesse dessas lideranças política? Se acabar economia, acaba qualquer governo. Acaba o meu governo. É uma luta de poder.”
* Em entrevista à Radio Bandeirantes
RESOLVI APERTAR A MÃO DO POVO (16.MAR)
“Se eu resolvi apertar a mão do povo, desculpe aqui, eu não convoquei o povo para ir às ruas, isso é um direito meu. Afinal de contas, eu vim do povo. Eu venho do povo brasileiro.”
* Em entrevista à Radio Bandeirantes
A VIDA CONTINUA (17.MAR)
“Esse vírus trouxe uma certa histeria. Tem alguns governadores, no meu entender, posso até estar errado, que estão tomando medidas que vão prejudicar e muito a nossa economia. (…) A vida continua, não tem que ter histeria. Não é porque tem uma aglomeração de pessoas aqui e acolá esporadicamente [que] tem que ser atacado exatamente isso. [É] tirar a histeria. Agora, o que acontece? Prejudica.”
* Quando dava entrevista à rádio Super Tupi. Ele disse, ainda, que faria uma “festinha tradicional” em comemoração ao seu aniversário e ao de sua mulher
QUEREM O PIOR DO BRASIL (18.MAR)
“Superar este desafio depende de cada um de nós. O caos só interessa aos que querem o pior para o Brasil. Se, com serenidade, população e governo, junto com os demais poderes, somarmos os esforços necessários para proteger nosso povo, venceremos não só este mal como qualquer outro!”
* Em publicação na sua conta do Twitter
FOI UM FRACASSO (18.MAR)
“Começamos a nos preparar. Até que os primeiros casos começaram a aparecer no Brasil. Alguns achavam que a gente deveria suspender o carnaval. Tivemos esses dias um governador que queria impedir as pessoas de ir a praia. Não só foi um fracasso como o número de pessoas nas praias aumentou.”
* Em crítica velada ao então governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel (PSC), hoje afastado do cargo, durante entrevista coletiva com ministros
GRIPEZINHA (20.MAR)
“Depois da facada, não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar, não. Se o médico ou o ministro me recomendar um novo exame, eu farei. Caso contrário, me comportarei como qualquer um de vocês aqui presentes.”
* Durante entrevista à imprensa
ESPERO QUE NÃO VENHAM ME CULPAR (22.MAR)
“Brevemente o povo saberá que foi enganado por esses governadores e por grande parte da mídia nessa questão do coronavírus. (…) Espero que não venham me culpar lá na frente pela quantidade de milhões e milhões de desempregados na minha pessoa.”
* Em entrevista à TV Record
POR QUE FECHAR ESCOLAS? (24.MAR)
“O que se passa no mundo mostra que o grupo de risco é de pessoas acima de 60 anos. Então, por que fechar escolas? Raros são os casos fatais, de pessoas sãs, com menos de 40 anos de idade.”
* Durante pronunciamento para rádio e televisão
HISTÓRICO DE ATLETA (24.MAR)
“Pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar, nada sentiria ou seria acometido, quando muito, de uma gripezinha ou resfriadinho, como bem disse aquele conhecido médico, daquela conhecida televisão.”
* Durante pronunciamento para rádio e televisão
COISA DE COVARDE (25.MAR)
É mais fácil fazer demagogia diante de uma população assustada, do que falar a verdade. Isso custa popularidade. Não estou preocupado com isso! Aproveitar-se do medo das pessoas para fazer politicagem num momento como esse é coisa de COVARDE! A demagogia acelera o caos.
* Pelo Twitter
BRASILEIRO NÃO PEGA NADA (26.MAR)
“Eu acho que não vai chegar a esse ponto [do número de casos confirmados nos Estados Unidos]. Até porque o brasileiro tem que ser estudado. Ele não pega nada. Você vê o cara pulando em esgoto ali. Ele sai, mergulha e não acontece nada com ele.”
* Durante entrevista em frente ao Palácio da Alvorada
TEM UM ESTADO AÍ (27.MAR)
“Está muito grande para São Paulo. Tem que ver o que está acontecendo aí. Não pode ser um jogo de números para favorecer interesse político. (…) Não estou acreditando nesse número (…) Sem querer polemizar com ninguém, tem um estado aí que orientou por decreto que, em última análise, se não tiver uma causa concreta do óbito, bota lá coronavírus para colar.”
* Em entrevista para a Rádio Bandeirantes
MAIOR CRISE DA NOSSA GERAÇÃO (1º.ABR)
“O Brasil avançou muito nesses 15 meses, mas agora estamos diante do maior desafio da nossa geração.”
* Em pronunciamento para rádio e televisão
LIVRE DESSE MAL (2.ABR)
“A gente vai junto com pastores e religiosos anunciar para pedir um dia de jejum ao povo brasileiro em nome de que o Brasil fique livre desse mal o mais rápido possível.”
* Em entrevista para a Rádio Jovem Pan
QUESTÃO DO VÍRUS (12.ABR)
“Parece que está começando a ir embora essa questão do vírus, mas está chegando e batendo forte a questão do desemprego.”
* Em videoconferência com líderes religiosos em comemoração à Páscoa
COVEIRO (20.ABR)
“Eu não sou coveiro.”
* Questionado pela Folha a respeito das mortes da quantidade de mortes que seria aceitáveis para defendermedidas desaconselhadas por órgãos de saúde
E DAÍ? (28.ABR)
“E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre.”
* Quando questionado sobre novo recorde de mortes registradas em 24 horas, com 474 óbitos, ultrapassando a China no número total de óbitos pelo novo coronavírus
TOMA TUBAÍNA (19.MAI)
“Toma quem quiser, quem não quiser, não toma. Quem é de direita toma cloroquina. Quem é de esquerda toma Tubaína.”
* Em entrevista ao vivo na internet, sobre o medicamento
DESTINO DE TODO MUNDO (02.JUN)
“A gente lamenta todos os mortos, mas é o destino de todo mundo.”
* Ao responder uma apoiadora, na saída do Palácio da Alvorada, que pediu uma mensagem de conforto para as famílias em luto
EXCESSO DE PREOUPAÇÃO (25.JUN)
“Não podemos ter aquele pavor lá de trás, que chegou junto à população e houve, no meu entender, um excesso de preocupação apenas com uma questão [saúde] e não podia despreocupar com a outra [economia].”
* Durante live semanal
QUASE COMO UMA CHUVA (07.JUL)
“Esse vírus é quase como uma chuva, vai atingir você”, acrescentou Bolsonaro. Alguns tem que tomar um maior cuidado com esse fenômeno. Acontece, infelizmente acontece.”
* Em entrevista à CNN Brasil, Record e TV Brasil, confirmando ter contraído o novo coronavírus
PRÓXIMO DE ZERO (07.JUL)
“Vamos tomar cuidado, em especial os mais idosos, que têm comorbidade. E os mais jovens, tomem cuidado. Mas se forem acometidos do vírus, fiquem tranquilos porque, para vocês, a possibilidade de algo mais grave é próximo de zero.”
* Em entrevista à CNN Brasil, Record e TV Brasil, confirmando ter contraído o novo coronavírus
VÍTIMAS PASSAM DOS 100 MIL (8.AGO)
“Muitos gestores e profissionais de saúde fizeram de tudo pelas vidas do próximo, diferentemente daquela grande rede de TV que só espalhou o pânico na população e a discórdia entre os Poderes. (…) No mais, essa mesma rede de TV desdenhou, debochou e desestimulou o uso da hidroxicloroquina que, mesmo não tendo ainda comprovação científica, salvou a minha vida e, como relatos, a de milhares de brasileiros.”
* Em nota pelo Facebook, após o Brasil ultrapassar a marca dos 100 mil mortos pelo novo coronavírus
CONVERSINHA MOLE (18.SET)
“Vocês não pararam durante a pandemia. Vocês não entraram na conversinha mole de ‘fica em casa’. Isso é para os fracos.”
* Parabenizando produtores agrícolas em evento no norte de Mato Grosso
PAÍS DE MARICAS (10.NOV)
“Tudo agora é pandemia. Tem que acabar com esse negócio. Lamento os mortos, todos nós vamos morrer um dia. Não adianta fugir disso, fugir da realidade, tem que deixar de ser um país de maricas.”
* Ao defender medidas menos drásticas de isolamento social em evento para lançar políticas para impulsionar o turismo no Brasil
FINALZINHO DE PANDEMIA (10.DEZ)
“Estamos vivendo um finalzinho de pandemia. Nosso governo, levando em conta outros países do mundo, foi o que melhor se saiu no tocante à economia. Prestamos todos apoios possíveis a estados e municípios”
* Durante evento em Porto Alegre para inaugurar trecho da ponte sobre o rio Guaíba
SOLIDARIEDADE (24.DEZ)
“Nessa ocasião [Natal], solidarizo-me, particularmente, com as famílias que perderam seus entes queridos neste ano. Externo meus sentimentos, pedindo a Deus que conforte os corações de todos”
* Durante pronunciamento em rede de rádio e televisão na véspera de Natal