CPI: BUTANTAN FEZ 3 OFERTAS EM 2020, MAS SAÚDE SÓ ASSINOU CONTRATO EM JANEIRO

CPI: Butantan fez 3 ofertas em 2020, mas Saúde só assinou contrato em  janeiro

O diretor do
Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou nesta quinta-feira (27) à CPI da Pandemia que fez três propostas em 2020 para o fornecimento da Coronavac ao Ministério da Saúde: em julho, agosto e outubro.

De acordo com seu relato ao senadores, em julho foram ofertados 60 milhões de doses, com entregas previstas para o último trimestre de 2020. A quantidade foi mantida também em agosto.

Depois, em outubro, a oferta foi ampliada para 100 milhões de doses, sendo que 45 milhões seriam produzidas no Butantan até dezembro de 2020, 15 milhões até fevereiro de 2021 e o restante até maio.

"Tudo aparentemente estava indo muito bem, tanto que em 20 de outubro fui convidado pelo [ex-]ministro [Eduardo] Pazuello para uma cerimônia no Ministério da Saúde em que a vacina seria anunciada como uma vacina [do PNI], com a incorporação de 46 milhões de doses", disse Covas.

"A partir desse ponto, é notório que houve uma inflexão. E digo isso porque saímos de lá muito satisfeitos e achávamos que, de fato, teríamos resolvido parte desse problema. No outro dia, de manhã, as conversações adicionais não seguiram porque houve uma manifestação do presidente da República [Jair Bolsonaro] dizendo que a vacina não seria incorporada."

País poderia ser primeiro a vacinar contra Covid-19

O diretor do Butantan também afirmou que o Brasil poderia ter sido o primeiro país do mundo a começar a imunização contra o novo coronavírus se "houvesse agilidade de todos os atores" envolvidos na questão regulatória e contratual das vacinas.

"O mundo começou a vacinação no dia 8 de dezembro. No final do mês, tinham sido aplicadas pouco mais de 4 milhões de doses no mundo e nós tínhamos 5,5 milhões [prontas e estocadas], sem contrato com o Ministério", disse o diretor do Butantan, em sua fala inicial à comissão.
Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, fala à CPI da PandemiaFoto: Reprodução/CNN Brasil (27.mai.2021)

"Poderíamos ter iniciado a vacinação antes do que começou, tínhamos as doses disponíveis. Eu, muitas vezes, declarei publicamente que o Brasil poderia ser o primeiro país do mundo a começar a vacinação não fossem os percalços que tínhamos que enfrentar nesse período, tanto do ponto de vista do contrato como do ponto de vista regulatório."

Ele afirmou ainda que enquanto outros países tinham definido os critérios para uso emergencial das vacinas em meados de 2020, no Brasil a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) só adotou regulamentação do tipo em dezembro. "Então, isso também causou um atraso nesse processo."