A APOSTA ERRADA DE CARLOS EDUARDO
No último domingo, Jair Bolsonaro(PSL) venceu as
eleições presidenciais com uma diferença superior a 10 milhões de votos em
relação a Fernando Haddad (PT). O candidato eleito ganhou em 15
estados e no Distrito Federal. Já o seu oponente, venceu em 11 unidades da
federação, inclusive no Rio Grande do Norte. No estado potiguar, além da
vitória do presidenciável do Partido dos Trabalhadores, a senadora Fátima
Bezerra(PT) se elegeu governadora. Ambos encerraram a disputa no RN com uma
expressiva maioria em relação aos concorrentes.
A candidata vencedora ao governo estadual já havia ganhado o
primeiro turno com boa margem de votos em relação ao seu adversário, o
ex-prefeito de Natal Carlos Eduardo Alves (PDT). A grande vantagem
tornou a possibilidade de virada em algo improvável. Para corroborar, no dia
08/10/2018, a Folha de São Paulo fez um levantamento mostrando que, desde
quando foi instituído o segundo turno nas eleições de governadores em 1990, a
história só registou viradas nos resultados em apenas 31% das disputas.
A missão de Carlos Eduardo no segundo turno era bastante
difícil. Seria necessário manter seu eleitorado, conquistar a grande maioria
dos votos dados aos outros adversários do primeiro turno e ainda desidratar ao
máximo a votação e qualquer tipo de crescimento da senadora. Buscando a virada,
o candidato do PDT tentou nacionalizar o pleito regional, investiu no
antipetismo e declarou apoio a Jair Bolsonaro. Objetivo era se aproveitar de um
possível crescimento do presidenciável no estado e fazer um contraponto ao
natural voto casado Haddad/Fátima.
Aberta as urnas, observou-se uma derrota de Carlos Eduardo
com larga margem, com vitórias em apenas 13 dos 167 municípios potiguares. Em
Natal, seu principal reduto, 254.199 eleitores escolheram o ex-prefeito da
cidade, o que representa a marca expressiva de 60,76% dos votos. No entanto,
analisando o resultado da eleição municipal de 2016, se observa que o candidato
atingiu quase 226 mil votos na oportunidade. Diante do histórico recente e sua
boa avaliação no município, grande parte do resultado auferido na cidade em
2018 já pertencia ao seu próprio capital eleitoral.
Desde 2006, o Nordeste se tornou o principal reduto
eleitoral do PT. Analistas políticos já previam grandes dificuldades de
crescimento de Jair Bolsonaro na região, principalmente fora das regiões
metropolitanas. Diante das dificuldades, o objetivo do PSL se limitou a
diminuir a diferença estabelecida no primeiro turno.
O resultado final da eleição provou que a estratégia adotada
pela campanha de Carlos Eduardo foi equivocada. No total, a capital representou
algo em torno de 23% dos votos válidos de todo o estado. Ao apostar no
antipetismo fora do seu reduto e na área de maior densidade eleitoral do PT, o
candidato derrotado encontrou enormes dificuldades de penetrar nos outros 77%
do eleitorado potiguar que em sua maioria apoiou maciçamente a petista Fátima
Bezerra.
A escolha da neutralidade na disputa nacional teria
facilitado o candidato Carlos Eduardo a construir um discurso de unificação de
forças, capaz de captar votos em todas correntes partidárias, inclusive no PT.
A postura radical inibiu o eleitor de Haddad do interior a votar contra Fátima
Bezerra.
Por Valmir Pirula Jr