GUEDES DIZ QUE VAI EMBORA SE FOR ÚNICO A DEFENDER REFORMA: "PEGO O AVIÃO E VOU MORAR LÁ FORA"
Em entrevista à revista Veja, o ministro da
Economia, Paulo Guedes, voltou a sinalizar que pode sair do governo caso a
reforma da Previdência não seja aprovada ou que ela seja muito
alterada.
De acordo com o ministro, se houver uma mudança muito
radical na proposta original da reforma, ele renunciará ao cargo.
“Eu não sou irresponsável. Eu não sou inconsequente. Ah, não
aprovou a reforma, vou embora no dia seguinte. Não existe isso. Agora, posso
perfeitamente dizer assim: ‘Olha, já fiz o que tinha de ter sido feito. Não
estou com vontade de ficar, vou dar uns meses, justamente para não criar
problemas, mas não dá para permanecer no cargo’. Se só eu quero a reforma, vou
embora para casa. Se eu sentir que o presidente não quer a reforma, a mídia
está a fim só de bagunçar, a oposição quer tumultuar, explodir e correr o risco
de ter um confronto sério… pego o avião e vou morar lá fora", afirmou o
ministro.
Guedes voltou a falar que a Reforma da Previdência precisa
gerar uma economia de no mínimo R$ 1 trilhão em 10 anos. Mas reconhece que,
diante das dificuldades de aprovação no Congresso, há uma margem de negociação
que pode no máximo ir a R$ 800 bilhões.
“Se os parlamentares aprovarem algo que represente uma
economia menor que 800 bilhões de reais, não há a menor possibilidade de lançar
uma nova Previdência. Estaríamos só remendando a velha", destacou.
Por outro lado, ele manifestou confiança em Bolsonaro, além
de destacar que acredita em uma união política em torno da agenda econômica do
governo.
"Ele [Bolsonaro] mesmo disse certa vez: ‘Eu não era a
favor da reforma da Previdência, Paulo. Sempre fui contra. Mas você me
convenceu da importância disso para o país’. A classe política está comprando a
agenda econômica, porque ela não é só uma agenda econômica. Ela é também uma
agenda política", apontou, avaliando ter absoluta confiança em uma reforma
de 1 trilhão.
Guedes ainda avaliou que a gestão Bolsonaro poderia ter
ido melhor em seus primeiros meses, mas vê como ponto positivo o fato de que as
principais promessas de campanha já foram apresentadas, dando nota 7,5 ao governo.
"O governo está excepcional? Não. Se na política
tivéssemos conseguido fazer rápido a aliança entre centro e direita, se vocês,
da imprensa, tivessem feito a sua parte, explicando para todo mundo entender,
poderia ser 10. Eu poderia até falar que a nota do presidente está mais alta.
Porque comigo ele assumiu compromisso. Nomeei a minha equipe inteira sem
nenhuma interferência. Para ele, tenho de dar 10".