CASO FLÁVIO BOLSONARO: QUEIROZ PAGOU R$ 64 MIL EM DINHEIRO VIVO POR CIRURGIA A HOSPITAL EM SP
O ex-motorista do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) Fabrício
Queiroz pagou em espécie R$ 64,58 mil por uma cirurgia ao hospital
israelita Albert Einstein , em São Paulo. Queiroz foi internado na
unidade em janeiro, quando retirou um câncer no cólon. O pagamento foi feito em
14 de fevereiro. Desde que o assessor de Flávio recebeu alta do hospital, nunca
se soube o valor das despesas pagas pelo procedimento médico.
Na nota fiscal eletrônica (confira abaixo), à qual O GLOBO
teve acesso, a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Hospital Albert
Einstein informa que Queiroz ficou internado de 30 de dezembro de 2018 a 8 de
janeiro de 2019. O tipo de internação foi “clínica médica”.
O ex-motorista alegou que o montante quitado em dinheiro
vivo estava guardado em sua casa para amortizar o financiamento de um
apartamento na Taquara, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio. O dinheiro foi
entregue à tesouraria do hospital pela mulher de Queiroz, Márcia Oliveira de
Aguiar.
Na nota fiscal, o valor total da despesa é de R$ 86 mil. Lá,
consta um desconto de R$ 16 mil, o equivalente a 20% dos custos
hospitalares. Queiroz sustenta que conseguiu o abatimento e que o total
da despesa ficou por R$ 70 mil. Outros R$ 5,42 mil foram quitados por meio de
cartão de crédito, conforme consta na fatura.
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) investiga
movimentações financeiras suspeitas de Queiroz. De janeiro de 2016 a janeiro de
2017, passaram pela conta bancária do ex-motorista R$ 1,2 milhão. O
pagamento da cirurgia em dinheiro vivo se soma aos indícios de que Queiroz não
tem como comprovar a origem do dinheiro.
No final de dezembro, Queiroz
chegou a faltar a um depoimento no Ministério Público em razão de problemas de
saúde . Procurado, o Hospital Israelita Albert Einstein informou
que "não abre informações sobre seus pacientes por questões de sigilo e
privacidade".
O advogado de Queiroz, Paulo Klein, garantiu que o cliente
tem como comprovar os valores movimentados:
- A defesa vê com naturalidade o fato do Ministério Público
investigar a origem dos recursos utilizados para pagamento das despesas médicas
do Fabrício Queiroz, de outro lado, a comprovação dos pagamentos com recursos
próprios e dentro da sua capacidade econômica só reforçam que ele jamais
cometeu qualquer crime.
Citado em relatório do Coaf por conta
da “movimentação atípica" de R$ 1,2 milhão entre 2016 e 2017, Queiroz
mora em uma casa em um local simples, em um beco no bairro da Taquara, na Zona
Oeste do Rio .
Defesa questiona Quebra de Sigilo
No dia 13, a
Justiça do Rio autorizou a quebra do sigilo bancário e fiscal de Fabrício
Queiroz e outras 87 pessoas . Além do afastamento de sigilo de Flávio
e seu ex-assessor Queiroz, também
terão suas informações bancárias averiguadas a mulher de Flávio, Fernanda Bolsonaro,
a empresa de ambos , Bolsotini Chocolates e Café Ltda, as duas filhas
de Queiroz, Nathalia e Evelyn, e a mulher do ex-assessor.
No sábado, a
defesa de Queiroz entrou com um habeas corpus para anular as quebras
de sigilo bancário e fiscal na investigação , sob o
argumento de que a decisão judicial não tinha “embasamento legal”. O
advogado de Queiroz, o criminalista Paulo Klein acusa o Ministério Público de
ter burlado a Justiça ao omitir que o hoje senador Flávio Bolsonaro, na época
dos fatos deputado estadual, era um dos investigados, para evitar que ele se
valesse do foro especial por prerrogativa de função.