O QUE A OPOSIÇÃO ESPERAVA DE FÁTIMA E NÃO ACONTECEU


De 2010 até 2020 o sistema penitenciário do RN passou por seis crises. Em todas elas, os governadores se desesperaram, admitiram a incapacidade de controlar o problema e repassaram o comando para o governo federal/forças armadas. Alguns negociaram com facções, como o noticiário da época relatou. Outros deram o comando dos presídios aos grupos criminosos. Era o figurino esperado pela oposição de que Fátima também iria vestir agora. Não aconteceu.

Os senadores Rogério Marinho e Styvenson alegaram que Fátima não teria condições de conter a onda de violência e clamaram pelo exército nas ruas. Ora, o efeito de militares nas ruas, sem qualquer preparo para conflito urbano, seria nulo diante de mil homens da guarda nacional e policiais de outros estados que vieram para o RN. Mas geraria o efeito político de enfraquecer o comando da Governadora, uma admissão de incapacidade que traria novamente a extrema direita adoradora de coturnos para o jogo.

Ao contrário de gestões anteriores, Fátima não abriu mão do cargo e vem controlando a crise sem se afastar dele. Pode perceber, caro leitor, que depois que a Garantia da Lei e da Ordem (GLO) foi recusada e os atentados terroristas foram praticamente a zero, a oposição silenciou.

Há outro efeito a ser levado em conta. Sedimentou se a ideia de que os presos organizaram esses atos de violência porque o governo recusou regalias. Essa constatação coloca o governo como duro contra os apenados e que não tece acordo. É por aí que o grupo de situação estabelece um discurso para agir e manter a legitimidade.

Tivesse aberto mão do comando, Fátima estaria agora sendo acusada de incapaz com as consequências político eleitorais esperadas pela oposição posteriores que a ação acarretaria. O apoio do Governo Federal, inclusive com o envio de autoridades, fecha completamente a possibilidade de trazer os militares para a política, sob a falsa condição de que eles são a solução para problemas civis. A oposição apostou em algo que não ocorreu. Resta a extrema direita agora espalhar notícia falsa, o que eles fazem de melhor. Só que ao custo de se encastelar na bolha. A oposição perdeu a possibilidade de participar de uma solução efetiva e ganhar politicamente com o fato.