PERTO DO DIA DO VOTO, ESTÁ À SOLTA O CHATO ELEITORAL
Faltando pouco
para o segundo turno, está à solta o chato eleitoral. É um personagem que
tenta transformar qualquer conversa em discussão política para defender seu
candidato. Assim como sempre haverá gente que enfia o dedo no nariz, não há
como evitar que ele exista. Pode-se limitar o alcance de sua chateação cortando-se
polidamente o assunto. O general Alfredo Malan tinha uma fórmula: “Política e
jogo de cartas me dão sono”. (Não era verdade, mas funcionava.)
Há dois tipos de chatos eleitorais.
O primeiro, benigno, é o militante. Ele supõe que sua
palavra iluminada pode conseguir um voto para seu candidato. Esse chato pode
ser neutralizado com uma simples mudança de assunto. O melhor remédio é
deixá-lo falar o tempo que quiser. Interrompê-lo será estimulá-lo.
O segundo chato eleitoral, maligno, quer vender seu candidato,
mas há nele algum tipo de insegurança. Fez sua escolha mas busca apoio,
cumplicidade.
Esse é o tipo mais desagradável e perigoso, porque precisa
de uma discussão. Afinal, só assim poderá se convencer que fará o certo, pois
mais gente decidiu como ele. Quanto mais corda recebe, mas enfático ou radical
se torna. Nesse caso o culpado pela chateação será quem lhe deu corda. (Trocar
ideias com um eleitor de Bolsonaro tem uma complicação exclusiva, pois o
candidato não quer debater as suas.
Se nenhum recurso der certo, pode-se recorrer ao truque do
deputado Temperani Pereira. Depois de ouvir uma exposição de um colega ele lhe
disse: “Sua opinião me deixa incorrobúvel e imbafefe”.
Depois comentou: “Quero ver ele achar essas palavras no
dicionário”.