ACABOU DISCURSO DE GOVERNO SEM CORRUPÇÃO, AFIRMA OPOSIÇÃO


A prisão preventiva do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, em Santos (SP), e dos pastores da Igreja Assembleia de Deus Arilton Moura e Gilmar Santos, ligados ao presidente Jair Bolsonaro (PL), na operação “Acesso Pago” da Polícia Federal, nesta sexta-feira 22, movimentou o cenário político potiguar. A ação investiga um esquema de corrupção e tráfico de influência dentro do MEC, com verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), autarquia vinculada à pasta.

O senador Jean Paul Prates (PT) relembrou a fala do presidente Jair Bolsonaro, quando este afirmou “colocar a cara no fogo” pelo auxiliar, no início do ano e que agora, com a prisão de Ribeiro decretada, tenta afastar sua imagem do caso. Ele afirmou também que, quando estourou o escândalo do MEC – revelado em reportagens dos jornais “Folha de S.Paulo” e “O Estado de S. Paulo”, havia se colocado favorável à instalação da CPI do MEC. A iniciativa foi abortada por não alcançar a quantidade necessária de assinaturas para dar início ao procedimento, no Congresso Nacional e agora, foi reativada.

“Agentes públicos negociando propina para liberar verbas da Educação. Que a PF tenha toda a liberdade para investigar e punir os culpados. No governo que diz ter acabado com a corrupção, espero que não queiram acabar com as investigações. Mais uma vez, Bolsonaro se enrola com suas declarações. Disse que colocava a cara no fogo pelo ministro da Educação e agora, fala que não tem nada com os malfeitos do pastor que comandou a pasta e que, como tudo indica, negociava verbas com prefeituras e aliados. Haja corrupção”, disse.

Já o senador Styvenson Valentim (Podemos) disse que não é necessária CPI para investigar corrupção no governo, pois este é o papel das instituições policiais. “A Polícia Federal já investiga e cumpre seu papel constitucional. Uma CPI, com seu viés político, pode atrapalhar ao invés de ajudar nas investigações. Hoje sabemos que há ministros de Bolsonaro envolvidos com corrupção: o lema ‘governo livre de corrupção’ não pode mais ser usado”, afirmou.

O pré-candidato ao Senado pelo PDT, Carlos Eduardo Alves, escreveu em uma rede social: “Nenhum presidente nomeou tantos ministros da Educação como Bolsonaro. O resultado do desgoverno não poderia ser outro: prisão, escândalo de corrupção e a certeza de que a mudança é o único caminho para o nosso país voltar a andar”.

Diferentes de Carlos Eduardo Alves, os pré-candidatos ao Senado Rogério Marinho (PL) e Rafael Motta (PSB) não emitiram nenhuma fala sobre a prisão de Milton Ribeiro e o escândalo de corrupção no governo federal. Rafael passou o dia explicando que a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não afetou em nada sua campanha, já Rogério não quis comentar a prisão do colega bolsonarista.

Única representante potiguar na Câmara Federal a se manifestar sobre o caso, a deputada federal Natália Bonavides (PT) afirmou que o presidente Bolsonaro sabia do caso, tendo sido “entregue” por uma indiscrição do ex-auxiliar. “Jair sabia de tudo e quem disso isso foi o próprio ex-ministro Milton Ribeiro: ‘Foi um pedido especial que o presidente da República fez pra mim’. Agora, tenta tirar o corpo fora da corrupção do MEC, mas a gente sabe que o ex-ministro Milton Ribeiro atendeu a um “pedido especial” de Bolsonaro”, afirmou.

Segundo o líder governista da Assembleia Legislativa, deputado estadual Francisco do PT, mais um ministro bolsonarista cai. “Infelizmente, este é mais um ex-ministro da Educação que em nada contribuiu para esta área tão fundamental para o desenvolvimento do país e das transformações sociais que ela pode proporcionar à vida das pessoas. Além disso, só reforça o balcão de negócios espúrios instalado no MEC. Cai a máscara de um (des)governo que tentou alicerçar um discurso falso moralista”, afirmou.

Para a deputada estadual Isolda Dantas (PT), a prisão de Ribeiro desmonta a tese defendida com unhas e dentes pelo presidente Jair Bolsonaro, de que não há corrupção em seu governo. “Da série: “não tem corrupção no governo Bolsonaro”. Anram! Ex-ministro/pastor/aliado de Bolsonaro é preso pela operação balcão do MEC. É sobre isso e não está tudo bem!”, afirmou.

O deputado estadual Nelter Queiroz (PSDB) teve comportamento diferente dos seus colegas da Assembleia Legislativa e preferiu se manter longe de qualquer avaliação sobre o tema que movimentou o cenário político nacional nesta quarta-feira 22, ao afirmar que preferia não opinar sobre o fato. “Eu não vi nada, passei o dia todo numa audiência pública em Lagoa Nova e mesmo assim o cenário nacional nunca gosto de opinar”, disse.

“Essa prisão é mais uma prova que o governo Bolsonaro está afundado em corrupção. É um absurdo que o Ministério da Educação esteja envolvido em escândalos de troca de favores entre prefeituras e pastores, tudo isso feito com a anuência do então ministro. Vale ressaltar que Bolsonaro afirmou que punha a cara no fogo por essa pessoa. Será que ele realmente arrisca se queimar?”, concluiu a vereadora de Natal, Brisa Bracchi (PT).

Pré-candidatos à Presidência criticaram o presidente Jair Bolsonaro após a prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro. Para os presidenciáveis, o caso demonstra corrupção no atual governo, conforme reportagem do Correio Braziliense.

“Bolsonaro diz que fica no governo até quando Deus quiser. Se o pastor Milton Ribeiro cumprir o compromisso cristão de falar a verdade, será um poderoso agente da vontade divina”, afirmou o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT).

O pedetista ironizou uma fala de Bolsonaro sobre o ex-ministro. Em 24 de março, o presidente afirmou que botava “a cara no fogo” por Milton. Quatro dias depois, ele pediu exoneração do Ministério da Educação e Cultura (MEC).
Já a senadora Simone Tebet (MDB) disse: “A prisão preventiva do ex-ministro e de lobistas por suspeita de corrupção revela todo desmando que virou a Educação. Corrupção também é marca desse governo. Nas vacinas, na educação, no orçamento secreto”.

Já o deputado federal André Janones (Avante) ironizou a situação em suas redes sociais. “Ministro do governo ‘sem corrupção’ preso por corrupção. Taokey?”, disse.