PASTOR E EX-MEC ESTIVERAM 10 DIAS NO MESMO HOTEL, DIZ PF


O pastor
Arilton Moura e o ex-gerente de projetos da Secretaria Executiva do MEC (Ministério da Educação) Luciano Musse estiveram no mesmo hotel em Brasília (DF) em pelo menos 10 ocasiões em 2021 e 2022, segundo relatório da PF (Polícia Federal). Ambos são suspeitos de envolvimento em esquema de corrupção no ministério.

O pastor Gilmar Santos, que também está entre os investigados, se hospedou uma vez no mesmo hotel.

Além dos 3, o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e o ex-assessor da Prefeitura de Goiânia Helder Bartolomeu foram presos preventivamente na 4ª feira (22.jun.2022), mas foram liberados no dia seguinte.

No mandado de busca e apreensão, a Justiça apontoou “indícios de que Milton, Gilmar e Arilton cooptaram prefeitos para interesses pessoais”.

O ex-gerente do MEC teria sido o “operador financeiro” do grupo: “Luciano, no contexto investigativo, é personagem importante no suposto esquema de cooptação de prefeitos para angariar vantagens pessoais através do direcionamento ou desvio de recursos do FNDE /MEC a pretexto de atender políticos/prefeituras, caracterizando, hipoteticamente, uma sofisticada captação ilegal de recursos públicos com a eventual infiltração de operador financeiro na gestão da pasta”.

ENTENDA O CASO

A PF apura a prática de tráfico de influência e corrupção para a liberação de recursos públicos do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação). O pedido de abertura de inquérito foi feito depois de suspeitas envolvendo a atuação dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura no MEC.

Ribeiro pediu demissão do cargo de ministro da Educação em 28 de março, depois de áudios vazados mostrarem que ele priorizava repasses de verbas a municípios indicados por um pastor evangélico a pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Nos áudios divulgados em 22 de março, Ribeiro falou que sua prioridade era “atender 1º os municípios que mais precisam e, em 2º, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”. Também afirmou que esse “foi um pedido especial que o presidente da República” fez.

Ribeiro deu a declaração em uma reunião no MEC que contou com a presença de Santos e Moura, além de prefeitos e líderes do FNDE.

O ex-ministro da Educação confirmou que recebeu os pastores pela 1ª vez a pedido de Bolsonaro e disse que o atendimento a demandas de prefeitos seguia critérios técnicos.

O caso está sendo julgado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), pela ministra Cármen Lúcia. A ação foi enviada à Corte depois que começaram a ventilar notícias sobre a suposta interferência de Bolsonaro. O presidente tem foro privilegiado e investigações que o envolvem precisam passar pelo Supremo.

Áudios divulgados na 6ª feira (24.jun) indicam que o presidente antecipou a Ribeiro as buscas e apreensões que seriam feitas pela PF. Em 9 de junho, durante conversa telefônica com sua filha, o ex-ministro disse que Bolsonaro teve um “pressentimento” sobre a realização de operações envolvendo supostas irregularidades na distribuição de recursos do FNDE.

Em outro áudio, em conversa com um homem a quem chama de Edu, Myrian Ribeiro, mulher de Milton Ribeiro, disse que o ex-ministro da Educação sabia da operação da PF.