DELEGADO REPETE MOURÃO E DIZ QUE DOM PHILLIPS ESTAVA NO LUGAR ERRADO E COM A PESSOA ERRADA


Depois do general Hamilton Mourão, que se referiu ao jornalista Dom Phillips como um gaiato, o superintendente da Polícia Federal no Amazonas, Eduardo Fontes, seguiu a mesma linha e disse o seguinte em entrevista hoje pela manhã à Rádio Gaúcha, de Porto Alegre:

“O jornalista, ao que tudo indica, estava no lugar errado, na hora errada, com a pessoa errada”.

O raciocínio do delegado parte da premissa clássica do reacionarismo de que o jornalista não deveria estar ali. É uma abordagem enviesada do trabalho de quem corre riscos para chegar à bandidagem que ameaça os povos isolados da floresta.

É mais do que uma visão simplória do que aconteceu, na linha da conversa de bar de que o morto sempre está no lugar errado.

É o mesmo argumento raso de quem acha que os assassinados no Rio por “balas perdidas” não deveriam estar no boteco ou na rua. As crianças mortas por policiais não deveriam estar brincando na calçada ou indo comprar pão para a avó.

Essas abordagens contra jornalistas disseminam o desrespeito e o preconceito, bem de acordo com a visão depreciativa da missão de um repórter que desafia o mundo dos poderosos.

Mourão e o delegado devem saber que jornalista só está no lugar errado e com a pessoa errada se estiver ao lado de fascistas, milicianos, bandidos, grileiros, garimpeiros, vendedores de vacina e golpistas.

Esses são os gaiatos que estão sempre no lugar errado e com as pessoas erradas. Os assassinos de Dom e Bruno estavam no lugar errado.

Dom Phillips e Bruno Pereira foram assassinados porque estavam no lugar certo e sempre ao lado das pessoas certas, que são os donos da floresta.

O delegado sabe muito bem quem anda hoje no Brasil com pessoas erradas.