A ESTRELA QUE FALTA: CAMPEÃO DE QUASE TUDO, NEYMAR ABRE CAMINHADA PELO BRILHO PENDENTE NA CARREIRA
Obsessão! Sonho! Meta! Chamam de hexa, mas para Neymar é muito mais do que isso. O camisa 10 do Brasil inicia nesta quinta-feira, no Catar, a caminhada pela estrela que falta em sua vida. E não há crítica alemã que atrapalhe isso.
Por mais que a pressão esteja dividida entre jovens que chegam em alta no futebol europeu, é inegável o protagonismo do craque a partir do momento que a bola rolar no Lusail, às 16h (de Brasília), para estreia na Copa do Mundo contra a Sérvia. O mesmo adversário que o colocou no centro de questionamentos e memes quatro anos atrás, é o do pontapé inicial para um Neymar "mais preparado do que nunca".
Quem garante isso são os companheiros, os números, o próprio. Se na Rússia o rolamento exagerado após sofrer falta diante dos sérvios rodou o mundo e acabou virando a imagem da participação no Mundial de 2018, o "menino Ney" chega ao Catar no que indica ser o auge da maturidade que vem ao reboque dos 30 anos. Ao ponto de responder acusações da imprensa alemã de arrogância após postar foto improvisando uma sexta estrela no calção da Seleção de maneira, até certo ponto, polida:
- Sonhar, almejar e colocar seu objetivo como prioridade não é menosprezo aos seus rivais e sim uma meta pra você ir em busca. Amanhã começa 🔥 Vamo que vamo - escreveu em rede social.
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Não é exagero falar que a Copa do Mundo é a única coisa que falta na carreira do brasileiro. Campeão da Libertadores, da Champions e do Mundo por clubes, Neymar soma 29 grandes títulos na carreira, além de inúmeros prêmios individuais, seja de melhor jogador ou artilheiro. O Mundial é a pedra no sapato e o atalho para o tão sonhado prêmio de melhor do mundo.
Neymar durante o último treino da seleção brasileira antes da estreia na Copa do Mundo — Foto: Lucas Figueiredo / CBF
Já trintão, podemos falar que o camisa 10 do Brasil se preparou para o Catar como nunca. Se em 2014 a joelhada de Zuñiga interrompeu o sonho e em 2018 lesões pelo PSG o fizeram chegar longo do ideal, a caminhada dessa vez foi bem percorrida, em especial a temporada atual. São impressionantes 26 participações em gols em 20 jogos: 15 gols e 11 assistências.
"O Neymar chega na Copa em uma forma física excelente. Acompanho o dia a dia dele, sei o quanto ele está focado, se preparou e abriu mão de coisas no seu dia a dia. Eu posso falar 100% do que ele tem feito para chegar bem nessa Copa'"
- É de se inspirar e ficar orgulhoso pelo amigo que sou. Ele não tem que levar o peso só para ele, tem um time e jogadores experientes para ele se apoiar. Vamos dividir esse peso - disse Marquinhos, fiel escudeiro de clube e seleção.
Neymar no ciclo 2018-2022
31 jogos
25 vitórias
4 empates
2 derrotas
84,9% de aproveitamento
68 gols marcados (2,19)
12 gols sofridos (0,39)
O ápice às vésperas da Copa salta aos olhos, mas Neymar fez um ciclo que só não foi perfeito por conta da lesão que o tirou da campanha vitoriosa na Copa América de 2019, no Brasil. Dos 50 jogos disputados pela Seleção nos quatro anos e meio entre a eliminação para a Bélgica e a estreia contra a Sérvia, ele esteve em campo em 31, com aproveitamento de 84,9%. São 25 vitórias, quatro empates e somente duas derrotas, além de ser o goleador no período, com 18 gols.
Neymar e Thiago Silva brincam no treino — Foto: REUTERS/Amanda Perobelli
Pelo PSG, Neymar entrou em campo 134 vezes, marcou 87 gols e conquistou oito títulos. Estatísticas que só corroboram o posicionamento quase unânime de exaltação a forma como o craque inicia a Copa. Em entrevista coletiva na véspera da estreia, Thiago Silva foi só elogios:
– O Neymar chega para uma competição tão importante em um nível muito bom, teve uma preparação diferenciada, diferente das outras Copas. Em 2014 teve a lesão quando estava sendo decisivo para a nossa equipe, em 2018 chegou em uma forma diferente, teve uma lesão importante e com certeza abalou um pouco. Agora com a preparação diferenciada e sem lesão, nem preocupação nenhuma, chega um Neymar bem melhor preparado. O legal de tudo é que ele não tem vaidade nenhuma, nosso grupo recebeu bem os meninos que chegaram.
O comandante e o craque
Tite geralmente evita se estender muito e na véspera da partida do Brasil contra a Sérvia pouco falou sobre seu principal jogador. Talvez seja sinal dos tempos, por uma seleção brasileira mais forte e com holofotes divididos.
Tite e Neymar em treino da seleção brasileira — Foto: Lucas Figueiredo / CBF
Em entrevista recente ao ge, ele contou como construiu essa relação. Que hoje é de confiança. Mas, ele garante, não de subserviência.
- (Nos relacionamos), humanamente, com distanciamento e com aproximações homeopáticas. Sem forçar nada. O Neymar é assim e eu sou assim - contou o treinador da Seleção.
Tite gosta de lembrar que enfrentou o jogador na época de Corinthians quando Neymar era o número 11 do Santos. O craque esteve no caminho do título da Libertadores em 2012.
- Deixamos que essa aproximação acontecesse naturalmente. Que ele observasse como eu agia, que eu observasse como eram nossas manifestações. Sem ser boleirão. Não é nosso estilo. Sem ser baba ovo.
O treinador lembra situação que marcou esse contato entre os dois. Foi antes da Copa de 2018, quando Neymar já era jogador do PSG.
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- Me parece que caiu essa barreira numa entrevista coletiva que o Neymar estava do meu lado no próprio PSG. Ele tinha tido um problema, já era mais de um ano que nós estávamos trabalhando junto. E eu nunca tinha me manifestado publicamente a respeito. Nós também adquirindo confiança e eu também vendo como é que era o procedimento do Neymar. E aí eu tomei a palavra: "eu conheço, agora posso falar." Entendo que as situações dele, assim, se tiver que falar, falar pela frente, não vai falar pelas costas.
Chegou a hora de buscar a obsessão, a meta, o sonho. A estrela que falta está ali, a sete passos de um Neymar "mais pronto do que nunca".