PESQUISA PREVÊ 33 MIL NOVOS CASOS DE CÂNCER ATÉ 2025


O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima, em estudo divulgado quarta (23), cerca de 11 mil novos casos de câncer no RN para cada ano entre 2023-2025, com 33 mil casos no total. No cenário nacional, a estimativa é de 704 mil casos no mesmo período. Em comparação com a estimativa anterior (2020-2022), houve um aumento de 12,6%. Na época, estimava-se cerca de 625 mil novos casos da doença. Nesta edição, o destaque é das regiões sul e sudeste, que acumulam 70% dos casos. Já o nordeste representa 21,7% do total e o estado potiguar representa cerca de 1,6%.

Ao todo, foram estimadas ocorrências para 21 tipos de câncer mais incidentes no País, dois a mais do que a anterior, que não contabilizou pâncreas e fígado. De acordo com o levantamento, câncer de pele não melanoma é o que tem maior incidência (31,3%), seguido de câncer de próstata (10,2%) e mama (10,5%). Os três tipos da doença mantinham liderança ainda na estimativa passada, mas o câncer de pulmão, que anteriormente representava 5,6%, caiu 1 ponto percentual, passando para 4,6%.

Os números de pacientes atendidos no Hospital da Liga Contra o Câncer passam por aumento desde 2020. Câncer de pele passou de 1.859 casos em 2020 para 2.733 em 2021. Em 2022, de janeiro a outubro, já são contabilizados 2.438 pacientes. O crescimento também foi visto na quantidade de mulheres diagnosticadas com câncer de mama, que foi de 975 em 2020 para 11.121 em 2021 e contabiliza 745 pacientes de janeiro a outubro deste ano. Câncer de próstata apresenta números menos expressivos em comparação aos anteriores. Foi 591 em 2020, 814 em 2021 e 723 até outubro deste ano.

O estudo também estabelece diferenças entre regiões com maior e menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Nas regiões de maior índice, os tumores malignos de cólon e reto ocupam a segunda ou a terceira posição, sendo que, nas de menor IDH, o câncer de estômago é o segundo ou o terceiro mais frequente entre a população masculina. Entre as mulheres, nas regiões mais desenvolvidas, depois do câncer de mama, vem o câncer colorretal, mas, nas de menor IDH, o câncer do colo do útero ocupa a posição.

Maus hábitos

A oncologista da Liga Contra o Câncer, Sulene Cunha, explica que o Brasil segue a estatística mundial com relação aos tipos de câncer mais recorrentes. “É uma estatística até mundial. A gente sabe que os cânceres mais prevalentes até no mundo são próstata em homem e mama em mulher, fora pele. Não é nem só do Brasil”, afirma. Ela atribui o aumento de casos na estimativa a maus hábitos de vida, como a falta de exercício físico e hábitos alimentares inadequados, para além de fatores genéticos.

“A gente acredita que tenha fatores genéticos envolvidos nesses tumores que a gente já conhece algumas mutações genéticas, mas é uma minoria. Tem a parte, realmente, de estilo de vida. A parte hereditária, que é a minoria, e a maioria é estilo de vida”, complementa. Com estilo de vida ela menciona, além da alimentação e prática de exercícios, hábitos como tabagismo.

“Nesse estilo de vida a gente vê alimentação inadequada, hábitos de vida inadequados, sem a prática de exercícios físicos, tabagismo envolvido”, diz. Embora câncer de pulmão tenha diminuído no Brasil, ainda estima-se cerca de 32 mil novos casos para o próximo triênio, ainda de acordo com o INCA. Mesmo assim, segundo a oncologista, a diminuição representa sucesso para as campanhas de combate ao tabagismo.

“A incidência do câncer de pulmão diminuiu porque as práticas de combate ao tabagismo têm sido mais eficazes. É uma coisa que vem sendo trabalhada e população tem que conscientizado mais de que o tabaco é um fator de risco para o câncer de pulmão. É isso que cada vez mais temos que trabalhar na população: hábitos de vida saudáveis”, comenta.

Sulane atribui, ainda, a quantidade de diagnósticos de câncer de intestino às más práticas alimentares, além do estresse diário. “O câncer de intestino, justamente, tem a ver com as práticas alimentares inadequadas e falta de atividade física. A gente vê que o estresse, a correria e o dia a dia mais agitado, essa vida mais agitada que a gente leva, faz com que não tenhamos essas duas coisas”, afirma.

Com relação ao destaque é das regiões sul e sudeste, que acumula a maioria dos casos, a oncologista diz que essa maioria se dá por serem regiões mais populosas e, em consequência, de pessoas com vidas mais agitadas. “A incidência maior porque elas tem um número maior de pessoas, mas também elas tem esses hábitos de vida mais inadequados. Pessoas que saem muito cedo para trabalhar e só voltam a noite. Essa vida mais corrida propícia um maior nível de estresse”, complementa.

Exposição ao sol é fator de risco para a pele
O câncer de pele não melanoma é o tipo mais frequente nas ultimas duas estimativas. De acordo com o INCA, a doença acumulará mais de 220 mil casos até 2025. Segundo Sulene Cunha, este tipo de neoplasia - tumor que ocorre pelo crescimento anormal do número de células – é o mais frequente por conta da alta exposição ao sol e não tem distinção de gênero, ou seja, pode atingir qualquer pessoa.

“É um tumor mais frequente porque tem a ver com o nível de exposição ao sol. O sol é importante em algumas coisas como vitamina D e a energia, mas a gente precisa saber que essa exposição prolongada traz um risco maior”, comenta Sulene. Durante todo o ano, o Brasil, em especial a região nordeste do País, registra altas temperaturas. Natal, capital potiguar, por exemplo, é nacionalmente conhecida como a Cidade do Sol e por isso apresenta riscos especiais e requer que seus cidadãos tomem cuidados igualmente especiais e eficazes. “É homem e mulher, todo mundo e acontece desde o nascimento, por isso a gente precisa se prevenir”, diz Sulane.

O uso de protetor solar no rosto e nas partes do corpo que ficam expostas (braços, mãos e pescoço), além da proteção com jaquetas e camisas especiais que filtram os raios prejudiciais a saúde, como o UVB, podem ser alternativas para se manter protegido o dia todo. “Evitar esse sol, usar filtro solar”, completa.

Embora esses tumores sejam mais frequentes, têm baixa taxa de mortalidade. “A taxa de mortalidade deles é muito baixa porque são tumores locais. Se você retirou aquela lesão, você está praticamente curado. Apesar de ser o mais incidente, ele tem uma mortalidade muito baixa. Exceto o melanoma, que é um outro subtipo mais agressivo”, explica.

Prevenção

De acordo com a médica, existem dois tipos de prevenção que precisam de atenção. A prevenção primária, que consiste na utilização de hábitos saudáveis, como alimentação baseada em frutas, legumes e vegetais de forma equilibrada, prática de exercícios e noites de sono suficientes; e a prevenção secundária, chamada de rastreamento, que consiste na realização de exames de rotina e autoexames.

Além disso, existem as campanhas que atuam como agentes de combate e prevenção. Este mês acontece o Novembro Azul, no combate ao câncer de próstata. “Teve o mutirão de próstata. Foram realizados 200 PSA's e toques retais, vai ter o dezembro, que é de pele, que também atenderemos a população. Temos que trabalhar a população”, conclui.

Brasil
Pele não melanoma: 220.490
Próstata: 71.730
Mama: 73.610
Cólon e reto: 45.630
Total de casos: 704.080