FÁTIMA DIZ QUE, SE ELEITA, VAI “REVER” INCENTIVOS À INDÚSTRIA E DUODÉCIMOS
Pré-candidata do PT ao Governo do Estado, a senadora Fátima
Bezerra pretende, uma vez eleita, sentar à mesa com representantes dos demais
poderes do Estado e com parcelas do empresariado para examinar duas
alternativas para equilibrar as finanças do Rio Grande do Norte: modificar
regras do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Industrial (Proadi) e rever a
distribuição de recursos do Executivo para demais órgãos.
Em entrevista à 98 FM, a petista destacou que,
atualmente, o Proadi tem “distorções” que precisam ser resolvidas e sugeriu que
os benefícios do programa sejam destinados às micro e pequenas empresas. Sobre
os repasses aos demais poderes, Fátima frisou que não é “razoável” que o
Executivo fique sem recursos para pagar os salários dos servidores enquanto
Assembleia Legislativa e Poder Judiciário tem “sobra de caixa”.
Confira abaixo os principais pontos da entrevista:
PRIMEIRO LUGAR NAS PESQUISAS
“Isso é um fato singular, pois é a primeira vez que uma
candidatura de origem social de um partido à esquerda, no campo popular e
democrático, lidera uma eleição de caráter majoritário no Rio Grande do Norte”.
ARCO DE ALIANÇAS
“Os esforços realizados até o momento já consolidam uma
aliança com o PCdoB, que inclusive indicou o pré-candidato a vice, o que muito
me honra. O advogado e procurador do Estado Antenor Roberto é um dirigente
muito respeitado. E com o PHS, que também traz a deputada federal Zenaide Maia
como candidata ao Senado. Ela merecidamente conquistou o meu apoio e do PT,
pelas posições que ela adotou na defesa da democracia e contra o golpe
parlamentar. Uma linha de coerência, sempre em defesa dos interesses da classe
trabalhadora. A aliança hoje está circunscrita a esses dois partidos, mas está
em aberto ainda”.
POSSÍVEL ADESÃO DO PSB
“Tem uma discussão do PSB com o PT a nível nacional, mas, no
plano local, essa discussão ainda não foi formalmente colocada. Se essa
discussão vier, o partido vai discutir”.
RENOVAÇÃO POLÍTICA
“As pesquisas expressam uma vontade de mudança. Nosso nome,
nesse momento, simboliza a esperança que o povo do Rio Grande do Norte tem por
um governo diferente. Eu acho que há uma fadiga. Há décadas, o RN vem sendo
comandado por grupos oligárquicos de perfil conservador. O povo cansou do mais
do mesmo, está cada vez mais cansado dessa coisa do ruim e do pior”.
APROXIMAÇÃO COM EMPRESARIADO
“Fui a primeira pré-candidata a visitar a Fiern [Federação
das Indústrias]. Fui muito bem recebida lá pelo seu presidente, Amaro Sales. Na
ocasião, ele me entregou uma cópia do programa Mais RN, que a Fiern elaborou
como uma proposta de projeto para o Rio Grande do Norte. Uma proposta,
inclusive, muito bem elaborada. A comissão que cuida do nosso programa de
governo, coordenada pelo professor Getúlio Marques, já está debruçada sobre o
projeto da Fiern. Entendemos que tem várias ideias ali que podem ser
aproveitadas. Com muita tranquilidade, uma vez governadora, tenho o dever de
dialogar com todas as forças sociais do Rio Grande do Norte. Eu tenho o dever
de sentar à mesa com os trabalhadores e também com os representantes do setor
produtivo e empresarial. Os governos do PT têm dado demonstrações inequívocas
disso. O governo do presidente Lula foi quem mais conseguiu promover o diálogo
entre patrões e empregados”.
SECRETARIADO TÉCNICO
“Vamos adotar uma gestão profissionalizada. Vamos acabar com
essa coisa de clientelismo, de interferência política. É lógico que isso não
significa que os partidos não possam fazer as suas sugestões de nomes. Mas vai
ser uma gestão de perfil técnico”.
EQUILÍBRIO FISCAL
“Vamos ter que fazer o chamado dever de casa, corrigindo o
desequilíbrio fiscal. O Governo entrou 2018 com um déficit de restos a pagar em
torno de R$ 1,4 bilhão. É o governo devendo a ele mesmo. Num plano imediato, é
melhorar a capacidade de arrecadação do Estado, sem subir impostos. Temos
outras alternativas. Vamos aperfeiçoar os instrumentos de combate à sonegação,
tanto daqui para frente quanto olhando para trás, recuperando a dívida ativa.
Há um calote de R$ 7 bilhões de gestões passadas. O povo que pagou o pato. Boa
parte dessa dívida não é mais recuperável, mas outra parte é”.
REPASSES DE DUODÉCIMOS
“Precisamos rever o repasse para os demais poderes. Está na
Constituição e, portanto, há a obrigação de repassar. Agora, o que nós não
podemos achar razoável é não ter dinheiro para pagar os servidores no Executivo
e a Assembleia Legislativa e o Judiciário terem sobra de caixa. Vamos pactuar
esse entendimento. Vou contar com boa vontade dos servidores e das autoridades.
Vamos fazer isso com sucesso. Além disso, podemos lançar o instrumento da
antecipação de receitas. Não tem saída milagrosa. O que tem é um conjunto de
medidas. Isso seguramente nos permitirá colocar o pagamento em dia dos
servidores”.
PROADI
“É necessário, enquanto instrumento para promover a geração
de empregos. O Proadi, que é o programa de apoio e incentivo à indústria, será
mantido. Mas vamos rever, por exemplo, distorções que existem nele. Vamos
direcioná-lo para micro e pequenas empresas. O Rio Grande do Norte não pode
continuar nessa situação, que é ter 56% dos empregos em Natal. Como fica o Vale
do Açu, o Seridó, o Potengi”?
DEMISSÃO DE SERVIDORES
“Na minha cartilha, não tem de maneira alguma uma medida
como essa, de perseguição aos servidores, de ataque aos direitos. Precisamos é
contratar mais servidores no Rio Grande do Norte. Por exemplo, na área da
segurança pública. Temos apenas cerca de 9 mil policiais militares, quando nós precisamos
praticamente do dobro”.
CANDIDATURA DE LULA
“Não tenho plano A, nem Z, nem B, nem C. O plano é Lula. No
dia 15 de agosto, vamos inscrever a candidatura dele à Presidência”.