"NINGUÉM PRECISA TER VERGONHA DO QUE FEZ", DIZ PAES EM CONVENÇÃO DO DEM
O ex-prefeito do Rio Eduardo Paes oficializou neste domingo
(29), em convenção, sua candidatura ao governo fluminense pelo Democratas,
partido ao qual está filiado desde abril deste ano. Paes deixou o MDB após dez
anos de filiação, mas a sigla compõe a chapa pela qual ele disputará a sucessão
estadual em meio a uma das piores crises na história do estado.
Com um discurso de união e pacificação, Paes minimizou as
críticas a seu ex-partido e aliado, que, desgastado perante o eleitor, ocupa
hoje o governo com Luiz Fernando Pezão e tem na cadeia, com uma série de
condenações por corrupção, o antecessor, Sérgio Cabral.
"Ninguém vai me ver falando mal de ninguém, nem olhando
para trás", disse Paes durante a convenção, realizada na sede do
Democratas, na Barra da Tijuca (zona oeste do Rio).
Acompanhado do presidente estadual da legenda e da Câmara dos Deputados, Rodrigo
Maia, o ex-prefeito defendeu que o estado precisa não apenas de gestão, mas
capacidade de articulação política.
A fala de Paes busca justificar as alianças feitas para
garantir uma candidatura com potencial de vitória. Ele retorna ao Democratas
–onde já esteve quando partido era ainda PFL --e faz as pazes com o ex-prefeito
César Maia, de quem foi afilhado político e com quem passou à condição de rival
a partir de 2008. O agora democrata teve rusgas também com Rodrigo Maia, com
quem disputou a Prefeitura em 2012. "Ninguém precisa ter vergonha do que
fez e de quem foi", discursou, sobre a aliança com o ex-partido.
Eduardo Paes ingressou no Democratas em abril deste ano,
após uma década no MDB, partido pelo qual exerceu dois mandatos como prefeito
da capital e sofre uma crise de imagem, prejudicada especialmente pelas
denúncias de corrupção da Operação Lava Jato, que levaram à prisão nomes
importantes do estado como, além de Cabral, o ex-presidente da Câmara dos
Deputados, Eduardo Cunha, e o ex-presidente da Alerj Jorge Picciani.
Questionado sobre a corrupção no estado --não citada pelo
candidato em seu discurso na convenção --e sobre os casos que envolveram seu
ex-partido, como o de Cabral, Paes disse não ver ligação dele próprio com o
assunto.
"Respondo pelos meus atos, meu CPF é outro",
eximiu-se. "Fui sempre de fazer alianças, sempre me dei com partidos. Eu
não sou exatamente a pessoa mais partidária do mundo, era até uma crítica que
faziam a mim", completou.
Sobre rusgas que já existiram com Rodrigo e Cesar Maia, o
ex-prefeito alegou que voltou ao DEM porque "acabaram as diferenças
políticas".
Apesar da transferência de sigla que busca também uma
dissociação com o desgaste do MDB, Paes consegue, com uma aliança como a
firmada pelas eleições deste ano, presença maciça em palanques
no estado.
O pré-candidato do Democratas chegou a ter os direitos
políticos cassados em dezembro do ano passado, acusado de usar como plano de
governo de seu candidato a sucessor na Prefeitura do Rio (ex-MDB que se
transferiu para o DEM junto com Paes), um projeto pago com recursos públicos do
município. Apesar disso, Paes poderá disputar o pleito garantido por uma
liminar obtido no mês de maio, no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Maia diz não ver contradição em cobrar mudança e se aliar ao
MDB
De acordo com o deputado federal Rodrigo Maia, a coligação
ao deve ser ampla --Solidariedade, PP, MDB e PTB já estão confirmados,
definiu o parlamentar.
Sobre a coligação numerosa com a participação do MDB, Maia
definiu não ver contradição no discurso adotado por ele sobre a necessidade de
mudança. "Esse governo é o que lidera o processo, aqueles que vão aderir à
nossa candidatura sabem que nós compreendemos, temos certeza, que o Estado do
Rio precisa ser refundado", resumiu.