ALCKMIN E TASSO BUSCAM PORTA DE SAÍDA DO PSDB
O PSDB já não é o que foi na época em que Franco Montoro,
Mario Covas e Fernando Henrique Cardoso o fundaram. E ainda não sabe o que será
depois que João Doria concluir o seu cronograma de dominação da legenda.
Incomodados, tucanos da velha guarda, como Geraldo Alckmin e Tasso Jereissati,
foram acometidos da síndroma do que está por vir. Procuram a porta de saída do
partido.
Deu-se o esperado. Após virar governador de São Paulo contra
a vontade dos sábios do ninho, Doria dedica-se a demolir o muro sobre o qual os
tucanos equilibravam suas ambiguidades. E projeta para maio a remoção daquilo
que um de seus operadores chama de "entulho".
Moído na campanha presidencial de 2018, Alckmin será
substituído na presidência nacional do PSDB por Bruno Araújo, ex-ministro das
Cidades no governo de Michel Temer. Procura-se um candidato à vaga de Tasso na
presidência do Instituto Teotônio Vilela, braço acadêmico do tucanato.
Simultaneamente, Doria empurra o que restou do PSDB para o
colo de Jair Bolsonaro. E o grão-tucanato não pode nem fazer bico de nojo, pois
a plataforma liberal do capitão inclui bandeiras nas quais os tucanos estão
enrolados desde a edição do Plano Real, há 25 anos. Coisas como privatizações e
reformas econômicas liberais.
Em público, Alckmin, Tasso e tucanos assemelhados
desconversam sobre o plano de abandonar o ninho. Em privado, reconhecem que só
não viraram a maçaneta porque ainda não sabem para onde ir. Há um quê de ironia
no êxodo tucano.
Hipnotizado pela rivalidade com Lula e o petismo, o PSDB
esqueceu de formar novos quadros. Na campanha municipal de 2016, Alckmin achou
que seria uma boa ideia improvisar. Patrocinou a vitoriosa campanha de João
Doria à prefeitura de São Paulo. Agora, experimenta a mesma sensação que teve o
homem das cavernas ao notar que, se soubesse o que ia acontecer, teria sido
melhor ficar lá dentro.