BISPOS LANÇAM CARTA SOBRE 2º TURNO: ‘NÃO CABE NEUTRALIDADE ENTRE UM PROJETO DEMOCRÁTICO E UM AUTORITÁRIO’


Um grupo de bispos brasileiros lançou uma
carta nesta segunda-feira 24 a fim de alertar sobre o que está em jogo no segundo turno das eleições. Os signatários apontam que a disputa entre Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL) coloca a sociedade diante de um ‘dramático desafio’.

“Devemos escolher, de maneira consciente e serena, pois não cabe neutralidade quando se trata de decidir sobre dois projetos de Brasil, um democrático e outro autoritário; um comprometido com a defesa da vida, a partir dos empobrecidos, outro comprometido com a ‘economia que mata’ (Papa Francisco, A Alegria do Evangelho, 53); um que cuida da educação, saúde, trabalho, alimentação, cultura, outro que menospreza as políticas públicas, porque despreza os pobres. Os dois candidatos já governaram o Brasil e deram resultados diferentes para o povo e para a natureza, os quais podemos analisar”, diz um trecho da redação.

“Somos testemunhas de que o atual Governo, que busca a reeleição, virou as costas para a população mais carente, principalmente no tempo da pandemia”, prossegue o grupo, ao questionar, por exemplo, o lançamento tardio de um programa de auxílio emergencial.

Na sequência, os bispos condenam o uso da fé com fins eleitoreiros. Para eles, “o uso do nome de Deus em vão é um desrespeito ao 2º mandamento”. Também apontam incoerência entre a conduta de Bolsonaro e seu principal slogan.

“Enquanto dizia ‘Deus acima de tudo’, o Presidente ofendia as mulheres, debochava de pessoas que morriam asfixiadas, além de não demonstrar compaixão alguma com as quase 700 mil vidas perdidas para a Covid-19 e com os 33 milhões de pessoas famintas em seu país. Lembramos que o Brasil havia saído do mapa da fome em 2014, por acerto dos programas sociais de governos anteriores.”

A carta também critica a política armamentista defendida pelo presidente, os discursos de ódio e a disseminação de fake news, principal estratégia de comunicação do atual governo, que ‘fere o 8º mandamento, de não levantar falso testemunho’.

Os bispos cravam, por fim, que os cristãos têm capacidade de analisar qual dos dois projetos em disputa está mais próximo dos princípios humanistas e da ecologia integral.

“Não se trata de uma disputa religiosa, nem de mera opção partidária e, tampouco, de escolher o candidato perfeito, mas de uma decisão sobre o futuro de nosso país, da democracia e do povo. A Igreja não tem partido, nem nunca terá, porém ela tem lado, e sempre terá: o lado da justiça e da paz, da verdade e da solidariedade, do amor e da igualdade, da liberdade religiosa e do Estado laico, da inclusão social e do bem viver para todos.”