“BOLSONARO É A MÃO QUE PUXOU GATILHO DO FUZIL DE JEFFERSON”, DIZ REINALDO AZEVEDO


Nesta segunda-feira (24), o colunista Reinaldo Azevedo, do UOL, publicou um artigo no qual destaca a influência do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre o ataque extremista realizado pelo terrorista bolsonarista Roberto Jefferson contra agentes da Polícia Federal. Para ele, o chefe do Executivo é “a mão que puxou gatilho do fuzil” de Jefferson:

Jair Bolsonaro e seu ministro da Justiça, Anderson Torres, de maneira clara e inequívoca, resolveram dar piscadelas para a luta armada que Roberto Jefferson tentou deflagrar no Brasil — alinhado, note-se, com a pregação quase cotidiana do presidente. Quando perceberam que lhes faltaria, mesmo no terreno conservador, sustentação para a leniência com um canalha que enfrenta policiais federais com fuzil e granadas, decidiram recuar. (…)

Jefferson, é fato, não pode ser considerado uma cria de Bolsonaro. Tinha o seu próprio espaço de delinquência política. A sua conversão à extrema-direita armada, no entanto, coincide com a chegada do atual presidente ao poder. A escalada disruptiva do seu discurso pertence ao mesmo movimento de deslegitimação das instituições liderado pelo chefe do Executivo. Dissociar o banditismo a que se assistiu neste domingo da cruzada golpista a que Bolsonaro deu início no dia 1º de janeiro de 2019, quando tomou posse, corresponde a ignorar o óbvio. Ao enfrentar policiais federais com tiros de fuzil e granadas, Jefferson dá consequência à pregação do presidente em favor da guerra civil. “Gente armada jamais será escravizada” é o lema de Bolsonaro. (…)

(…) O Brasil não é fascista. Já o “fascistoide” é alguém que tem o comportamento, a moral e os valores de um fascista. E o país está, sim, coalhado deles. Inclusive no topo do poder. (…) Os tais “fascistoides” a que me referi saíram dos esgotos para exaltar Jefferson, mas faltou, vamos dizer, volume no entusiasmo delinquente. Associações de trabalhadores da PF manifestaram seu repúdio e até Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, que costuma se calar diante de qualquer horror, veio a público para condenar o ato. Bolsonaro e Torres perceberam que as milícias criminosas nas redes não estavam conseguindo emplacar a demonização do TSE, do STF e de Alexandre de Moraes.

Aí o ministro da Justiça e o presidente resolveram mudar de prosa. Torres, o que queria “apaziguar a crise”, resolveu bater em Jefferson: “Após ataque covarde a policiais federais, Roberto Jefferson foi preso”. (…)

É claro que a democracia nunca assistiu a coisas assim. E a razão é simples: elas não são próprias da… democracia. “Ora, Reinaldo, mas Jefferson está sendo punido…” É verdade. Ocorre — e este é o ponto principal — que esse cara é apenas a dimensão prática do discurso de Bolsonaro. Ou o presidente, na sua primeira reação, não resolveu atacar o Judiciário? (…)

Esse é o país que Bolsonaro armou até os dentes. Esse é o país em que o adversário virou inimigo a ser eliminado. Esse é o país do “povo armado jamais será escravizado”. Esse é o país comandando por um subversivo da ordem democrática. Jefferson é apenas o seu esbirro mais patético.