POR QUE BOLSONARO ESTACIONOU E LULA SE CONSOLIDA NA LIDERANÇA, SEGUNDO O PT
A cinco dias do segundo turno, a campanha do ex-presidente Lula (PT) avalia que foi um acerto a concentração de esforços nesta reta final nos estados do Sudeste. Nos últimos dias, houve atos em São Paulo, onde o petista passou a maior parte do tempo, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais.
As pesquisas Atlas, Ipec e Ipespe, divulgadas entre a segunda-feira 24 e esta terça-feira 25, mostram que a vantagem do ex-presidente sobre o candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), varia de 6 a 7 pontos nos votos totais.
Ao contrário da semana passada, em que havia certa aflição com uma possível recuperação de Bolsonaro, a campanha petista considera que a declaração do presidente sobre ‘pintou um clima’ com garotas venezuelanas, a notícia de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, pretende acabar com a correção do valor do salário mínimo e o episódio do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) impediram qualquer crescimento do ex-capitão nas intenções de voto.
A campanha atribui ainda à melhora do desempenho de Fernando Haddad (PT) em São Paulo, o insucesso governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), em transferir votos a Bolsonaro e a virada de Eduardo Leite (PSDB) sobre Onyx Lorenzoni (PL) no Rio Grande do Sul a consolidação da liderança de Lula na reta final da campanha.
Integrantes da campanha petista, apurou CartaCapital, consideram que o cenário mais difícil de se reverter é no Rio de Janeiro, onde Bolsonaro recebeu no primeiro turno 4,8 milhões de votos, o equivalente a 51,09% do total, e Lula teve 3,8 milhões, ou 40,68%.
A não ida de Marcelo Freixo (PSB) ao segundo turno fez com que Lula ficasse sem um palanque oficial para gerar algum fato novo que, ao menos, diminuísse a vantagem do atual presidente no estado.
“Concentramos esforços no Sudeste porque o encurtamento da vantagem que Bolsonaro teve no Rio e em São Paulo ajuda muito no cenário nacional”, disse Juliano Medeiros (PSOL) nesta terça-feira. “Há um movimento, identificado nas pesquisas, de aumento da vantagem para o nosso lado”.
Um outro integrante da campanha, sob a condição de anonimato, confirmou que as intenções de voto de Lula também melhoraram no Norte e no Nordeste, segundo trackings feitos a pedido do PT.
O que dizem as pesquisas
A vantagem de Lula sobre Bolsonaro foi confirmada nos três levantamentos divulgados nesta semana. No último deles, do instituto Ipespe, o petista aparece com 50% das intenções de voto, ante 44% do ex-capitão.
Na pesquisa do Ipec (ex-Ibope), o ex-presidente soma 50% contra 43% de Bolsonaro. Por fim, na Atlas, Lula chega a 52% contra 46,2% do candidato à reeleição.
De acordo com o cientista político Antonio Lavareda, responsável pelo Ipespe, “uma reviravolta é muito difícil”.
“Nunca houve na última semana numa eleição presidencial no Brasil”, diz o analista. “Só um fato extraordinário poderia inverter a posição dos concorrentes”.