SINCERIDADE ESTÁ DANDO O TOM DA POLÍTICA POTIGUAR NESTE INÍCIO DE ANO


Políticos são criaturas complexas, transitam entre a verdade e mentira com desenvoltura as vezes indesejável e além de dons como o da oratória, muitas vezes desenvolvem o da performance e não raro o da atuação teatral, com alguns aptos a ganhar Oscar e prêmios diversos.

Contudo, de vez em quando vemos surtos de sinceridade e o jogo político, sempre um xadrez de movimentos lentos, ganha ares de UFC ou de uma partida de baralho onde todos mostram suas cartas.

Curiosamente é o que parece estar acontecendo na política norte-riograndense neste início de 2022, ano de eleições gerais. Uma série de acontecimentos e declarações colocaram diversas cartas na mesa.

Na segunda-feira dia 21, em entrevista ao programa Baldúrdia, da Agência Saiba Mais, o secretário chefe do gabinete civil de Fátima Bezerra, Raimundo Alves falou sem meias palavras, papo reto mesmo, como dizem os jovens, que a governadora Fátima quer, sim, o MDB dos Alves como aliados de campanha. Indagado sobre as contradições desta aliança, Raimundo falou mais para a militância que para os entrevistadores: “Não podemos achar que estamos num céu de brigadeiro e achar que PT pode vencer com chapa puro sangue. Mesmo que fosse um processo eleitoral possível de vencer com facilidade, a fase mais difícil é governar. Precisamos de governabilidade após a vitória”.

Perguntado se seria suplente de senador numa possível chapa com Carlos Eduardo, Raimundo foi ainda mais direto: “Essa informação não procede em nenhum hipótese e faz parte de uma tentativa de me descredenciar como interlocutor da governadora. Se é fogo amigo, não sei, mas isso é um jogo sujo, não sou candidato a nada”. Mais papo reto impossível.

Na mesma segunda-feira, o ex-prefeito Carlos Eduardo Alves conceu entrevista na 98FM onde saiu de seu estilo de respostas vagas para também abrir a caixa de Pandora das suas verdades: Registrou bastidores de quando foi convidado para ser vice-prefeito na chapa de Wilma de Faria, em 2000, respondendo as insinuações de que teria traído a família e revelando que a proposta partiu do próprio Garibaldi. Para quem acompanha a política potiguar e viveu aquele momento como repórter político foram quase quinze minutos de revelações e histórias.

Não foram apenas Raimundo e Carlos que no espaço de 24 horas trouxeram à tona fatos concretos e assertividades políticas. Outros agentes políticos vêm fazendo isso nos últimos tempos. Vide a leitura anual da mensagem da governadora na Assembleia Legislativa  quando Fátima Bezerra esqueceu a diplomacia habitual e dispatrou ironias e farpas para Bolsonaro, negacionistas, antivacinas, etc.

Por falar no despresidente Bolsonaro, esqueça o bolsonarismo como “papo reto”. O bolsonarismo, que antes de ser um movimento político e ideológico, é uma seita e uma oportunidade de negócios, trata de “narrativas” e não de ideias e fatos. Não importa o que foi feito ou dito e sim o que é transmitido. Não confundamos agressividade e estratégia para se comunicar com pessoas truculentas com franqueza e objetividade.