DEPUTADO DO RN É CONDENADO POR DESVIO DE DINHEIRO DA SAÚDE QUANDO ERA PREFEITO
A Justiça Federal condenou o deputado estadual José Galeno
Diógenes Torquato (PSD), além de outras cinco pessoas e três construtoras, por
improbidade administrativa em 2010, quando o parlamentar era prefeito do
município de São Miguel, na região do Alto Oeste potiguar. Conforme a sentença,
Galeno e os demais envolvidos participaram de um esquema que desviou dinheiro
público federal que deveria ser usado na construção de um posto de saúde.
O valor desviado era de aproximadamente R$ 34 mil
(atualizados até 2016) e foi recebido pelo município de São Miguel através de
um convênio com o Ministério da Saúde. Segundo a denúncia do Ministério Público
Federal (MPF), o então prefeito não realizou a licitação pública exigida por
lei e repassou parte da verba para uma empresa “escolhida a dedo”.
Em nota, Galeno Torquato afirmou que o assunto está
judicializado e que, "em respeito ao Poder Judiciário, todos os
pronunciamentos serão feitos no processo, por meio de seus advogados, por
entender que este é o ambiente próprio". O parlamentar também informou que
tomou conhecimento da decisão e já apresentou recurso.
Ainda de acordo com as investigações, na tentativa de
ocultar o desvio de dinheiro, o ex-prefeito contou com a ajuda de um
ex-presidente da Comissão Permanente de Licitação (CPL), que forjou uma série
de documentos para fazer crer que a escolha da empresa teria ocorrido através
de uma licitação, tentando dar aparência de legalidade à contratação. As
irregularidades foram descobertas através do trabalho da Corregedoria-Geral da
União (CGU).
A partir das investigações, mais atividades suspeitas
envolvendo a empresa vieram à tona. Entre elas, o fato de a organização já ter
sido contemplada em outras licitaçõe O esquema também envolveu vínculos
empresariais e beneficiou uma outra empresa.
Para o Ministério Público Federal, “a participação das
mesmas empresas, que, por sua vez, eram administradas por familiares e
parceiros comerciais, em várias cartas convites, alternando-se apenas as
vencedoras, sinaliza que os agentes públicos do Município de São Miguel atuaram
efetivamente em todo o esquema”.
Galeno e empresas que prestaram serviço ao município
tiveram mais
de R$ 2,5 milhões bloqueados pela Justiça Estadual, em abril deste
ano, pela suspeita de desvio de recursos. Em junho, mais R$ 600 mil foram
travados pela justiça e não podem ser usados pelos suspeitos.
O desvio dos recursos fez com que o posto de saúde não fosse
concluído como previsto. O engenheiro do município na época assinou o Termo de
Recebimento Definitivo da Obra, mas uma visita da CGU comprovou que ocorreu
superfaturamento. O Ministério da Saúde utilizou essas informações para exigir
que Galeno Torquato restituísse parte dos recursos que correspondiam à parcela
inacabada da obras, no total de cerca de R$ 24 mil. No entanto, o ex-prefeito
não cobrou tais valores da empresa contratada, fazendo a devolução, segundo
afirmou, com recursos próprios, o que, porém, não foi comprovado.
Sentença
Os sócios da empresa foram condenados a pagar R$ 10 mil,
cada, e não poderão contratar com o Poder Público por cinco anos. Eles ainda
tiveram os direitos políticos suspensos pelo mesmo período. Outras duas
construtoras também foram sentenciadas a pagar multas no valor de R$ 10 mil
cada, além de ficarem impedidas de negociar com o Poder Público por cinco anos.
Galeno Torquato, o engenheiro do município e o empresário
responsável pela obra foram condenados a promover o ressarcimento ao erário, em
solidariedade, de mais de R$ 24 mil. O engenheiro também deverá pagar multa
civil no valor de R$ 5 mil, enquanto que o empresário, o ex-prefeito e a
empresa foram multados em R$ 20 mil. Os quatro não poderão contratar com o
Poder Público por cinco anos e tiveram os direitos políticos suspensos pelo
mesmo período.
Eles ainda podem recorrer.