RIO GRANDE DO NORTE FOI O ESTADO MAIS VIOLENTO DO BRASIL EM 2017
O Rio Grande do Norte foi o estado mais violento do país no
ano passado. Estatísticas reveladas pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública
apontam que o Brasil atingiu em 2017 o maior número de mortes violentas intencionais
da sua história. Foram 63.880 vítimas, o equivalente a 175 por dia, 7 por hora.
A taxa de mortes violentas intencionais por 100 mil habitantes atingiu a marca
de 30,8. O RN assumiu a liderança entre os estados mais violentos do país em
2017, com uma taxa de 68 mortes para cada 100 mil habitantes. Os dados foram
revelados nesta quinta-feira (9).
O ano de 2017 foi marcado por brigas entre facções
criminosas que causaram diversas mortes. Um desses episódios aconteceu em
janeiro do ano passado na Penitenciária de Alcaçuz, na Grande Natal, onde ao
menos 26 detentos foram mortos. Ao todo, foram 2.247 homicídios (também
conhecidos como Crimes Violentos Letais Intencionais ou CVLIs) no estado em
2017, mais de 300 a mais do que em 2016 (1.915). A estatística contabiliza
homicídios dolosos (quando há intenção de matar), latrocínios (roubo seguido de
morte) e lesões corporais seguidas de morte.
Outro estado do Nordeste que apresentou crescimento na
escalada de violência foi o Ceará, com uma taxa de 59,1 mortes para cada 100
mil habitantes, que o deixou na terceira colocação dos estados mais violentos
do país. Foram 5.171 homicídios no ano passado, mais de 1,5 mil a mais do que
em 2016 (3.457). Ao todo, quatro dos nove estados da região tiveram aumento no
número de mortes violentas.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa
Social (SSPDS) afirmou que os números “refletem uma problemática nacional e que
o Ceará não tem medido esforços para manter a diminuição das mortes violentas e
de outros crimes em território cearense. A SSPDS-CE ressalta, porém, que a
falta de padrão na contabilização dos dados de violência, pelos estados, influi
diretamente nos dados gerais e no ranking divulgado pelo FBSP.”
Pernambuco também apresentou crescimento no número de homicídios
em 2017. Foram 5.426 no ano passado, contra 4.480 em 2016. O estado possui uma
taxa de 57,3 mortes por cada 100 mil habitantes. Alagoas foi outro estado a
registar aumento na quantidade de homicídios. Foram 1.780 em 2017, 14 a mais do
que em 2016 (1.766), com uma taxa de 56,9 mortes para cada 100 mil pessoas.
Na contramão do aumento da violência, os estados da Bahia,
Maranhão, Paraíba, Piauí e Sergipe tiveram redução no número de homicídios em
2017. Na Bahia, enquanto foram contabilizados 6.635 mortes violentas
intencionais em 2016, este ano o número caiu para 6.247. O estado registrou uma
taxa de 45,1 mortes em cada 100 mil habitantes. O Maranhão foi outro a melhorar
seus números. Em 2017, foram 1.945 homicídios, contra os 2.215 CVLIs em 2016.
São 29,4 mortes violentas registradas para cada grupo de 100 mil pessoas.
Já o estado da Paraíba registrou 1.286 homicídios no ano
passado, enquanto em 2016 foram contabilizados 1.324. A taxa de mortes em cada
grupo de 100 mil habitantes foi de 31,9. Em nota, a Secretaria de
Segurança e Defesa Social da Paraíba declarou que os dados “vêm a confirmar o
trabalho desenvolvido na Paraíba pelo Programa Paraíba Unida pela Paz desde
2011”. O texto continua afirmando que “2017 é o sexto ano consecutivo de redução
da Taxa de Homicídios dolosos na Paraíba”.
O Piauí viu o número de homicídios cair em mais de 50. Em
2017, foram 651 CVLIs, enquanto em 2016 foram 703. A taxa de mortes para cada
100 mil pessoas foi de 20,2. Por fim, Sergipe também teve queda nas
estatísticas. Foram 1.185 homicídios em 2017, contra 1.356 em 2016. A taxa de
homicídios em cada grupo de 100 mil habitantes foi de 55,7.
O Portal OP9 entrou em contato com as Secretarias
Estaduais de Segurança, mas até a publicação dessa matéria, não recebeu todas
as respostas.
Apesar do aumento no número de homicídios, a Secretaria de
Segurança Pública de Alagoas informou, por meio de nota, que o estado saiu da
terceira para a quinta colocação dos mais violentos do país. Segundo a pasta,
nos últimos três anos Alagoas saiu do topo da lista que liderou por dez anos e
se tornou ainda um dos mais transparentes. O Secretário Lima Júnior, disse
que os resultados aumentam a responsabilidade do governo no sentido de reduzir
os índices.
Em Pernambuco, a Secretaria de Defesa Social comemorou as
quedas e justificou os números com a crise. “O ano de 2017 foi muito difícil
para todos os estados brasileiros. O desemprego e a forte crise econômica
fizeram crescer exponencialmente os homicídios em praticamente todas as
unidades da federação. E as dificuldades do ano passado começaram a ser
vencidas no segundo semestre, já com indicadores abaixo dos seis primeiros
meses anteriores (-11,23%). A curva descendente está completando 8 meses
consecutivos de queda nos CVLIs em Pernambuco, no comparativo com os mesmos
meses do ano anterior. Os dados de julho de 2018, que serão divulgados no
próximo dia 15 de agosto, já mostram, preliminarmente, essa nova diminuição –
verificada também nos crimes contra o patrimônio (julho será o 9º mês da sequência).
Considerando todo o primeiro semestre de 2018, houve 21% de declínio na
comparação com os seis meses iniciais de 2017 (de 2.875 para 2.279
assassinatos), o que representa 596 vidas poupadas”, disse através de nota.
Feminicídios caíram em cinco estados, mas tiveram aumento
expressivo na Bahia
Enquanto no Brasil o número de feminicídios cresceu
assustadoramente (de 929 em 2016 para 1.133 em 2017), o Nordeste apresentou uma
pequena redução nas estatísticas de assassinatos de mulheres. Cinco dos nove
estados da região tiveram queda na quantidade de feminicídios registrada. A
principal (e triste) exceção foi a Bahia, que de 18 assassinatos femininos em
2016 viu o número saltar para 74.
Procurada, a Secretaria da Segurança da Bahia (SSP)
respondeu em nota destacando que conta atualmente com 15 Delegacias Especiais
de Atendimento à Mulher (Deams) e 13 estruturas da Operação Ronda Maria da
Penha (acompanha mulheres com medidas protetivas). Informa também que equipes
das duas unidades, além do trabalho de rotina, visitam escolas, faculdades e
comunidades explicando sobre o problema do machismo. “A SSP solicita que a
mulher, no primeiro sinal de agressão por parte do marido ou companheiro,
procure a Delegacia mais próxima e registre a ocorrência”, diz a nota.
Alguns estados não contabilizaram a quantidade de
feminícidios, como o Ceará. Já Maranhão e Sergipe só registraram os dados de
2017. No Maranhão, foram 50 feminicídios. Já Sergipe teve 6 casos do tipo. Na
comparação com 2016, os estados restantes do Nordeste apresentaram queda na
estatística em 2017.
Em Alagoas, foram 13 feminicídios em 2017, um a menos do que
em 2016. Na Paraíba, o número caiu de 24 (2016) para 22 (2017).
A Secretaria de Segurança e Defesa Social destacou em nota que o estado
“possui a menor Taxa de Homicídio contra mulheres do Nordeste, e a nona
menor do país, com o valor de 3,7 por grupo de 100 mil. Este número foi
decorrente de uma redução de 22% em 2017 em relação ao ano anterior”.
Em Pernambuco, uma redução expressiva: foram 76 assassinatos
de mulheres em 2017, enquanto em 2016 o número foi de 112. No Piauí, a queda
foi menor: de 31 (2016) para 26 (2017). Por fim, no Rio Grande do Norte a
quantidade de feminicídios foi de 23 em 2017 contra 27 em 2016.