UM DIA TENEBROSO PARA A ONU


É desprezível governar terceirizando problemas sem jamais assumir responsabilidades.

Quando as consequências surgem como resultado de omissões, eis que aparece outra omissão, depois outra e mais outra, numa eterna transferência de culpas, como se governar fosse só denunciar os erros dos outros.

Assim foi o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro ontem na ONU: mentiroso no conteúdo e pífio na forma; antigo e ultrapassado; tacanho, ridículo e provinciano para um presidente da República Federativa do Brasil.

Dizendo inverdades em profusão sobre o desmatamento, o meio ambiente, a corrupção (que ele diz não existir em seu governo) e até sobre os indígenas e a economia, tudo o que Bolsonaro afirmou vale uma nota de 200, que existe, mas ninguém vê.

Discurso de um presidente pequeno para um país grande, dirigido exclusivamente para os seus convertidos, o presidente se esqueceu que estava num palanque global e não o cercadinho onde ele desfila sem corar as mentiras de sempre para os mesmos desocupados de sempre.

Duro viver no mundo dos adultos e, por óbvio, é muito difícil viver no mundo paralelo de Jair Bolsonaro.

Sobre corrupção? Mentira. Sobre as queimadas na Amazônia? Mentira. Sobre o crescimento econômico? Mentira. Sobre a culpa dos governadores na crise brasileira? Mentira. Sobre o bem estar dos povos indígenas? Mentira. Sobre culpa da imprensa? Mentira.

Para quem observa Bolsonaro de outro país – e que não vive as mesmas dificuldades que os brasileiros vivem – a ideia de um presidente que ostenta com orgulho o fato de ainda não ter se vacinado inspira uma visão, no mínimo, aterradora.

Comer pizza na rua cercado por bajuladores sem vontade própria, mas doidos por poder, já fez desse líder uma piada mundial.

Considerado um “autêntico” pelos simpatizantes e uma ponte pelos aliados (pasmem!), não é que Bolsonaro voltou a defender o tratamento precoce contra a covid, que ele chamou de “tratamento inicial”?

Quando se pensa que foi, ele já voltou.